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Londres – Chargistas e a mídia divertiram-se a valer com o apelido que comparava o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, a uma panela de teflon (aquela em que nada gruda). Mas a alusão ao carisma e à popularidade do premier já ficaram desatualizadas. Hoje, quando completa 10 anos no poder, o que deveria ser a celebração de um marco histórico na política britânica tem jeito de adeus melancólico: o Blair que chegou enormemente festejado ao número 10 de Downing Street é atualmente um líder desmoralizado, isolado e cujo legado terá sempre uma grande mancha chamada Iraque.

Para amargar ainda mais a ocasião, o aniversário cai dois dias antes de eleições que deverão ressaltar ainda mais a queda do premier e de seu partido, o Trabalhista, na estima dos britânicos. Blair, que registrava índices de aprovação de 67% em 1997, dez anos e uma desastrada intervenção militar depois, mal chega aos 22%.

Nos últimos meses, a mídia tem tentado adivinhar quando o premier deixará o poder, algo até agora não muito claro, apesar de muitos apostarem que não passa de setembro. Blair já tinha dito em 2004 que não disputaria um quarto mandato, anúncio que muitos consideraram prematuro e arriscado para a harmonia de um partido cujas rachaduras têm sido expostas em diversas rebeliões. E o fato de o líder relutar em definir uma data aprofundou as divisões.

"O premier tornou-se uma pedra no sapato do partido porque anunciou a saída ao mesmo tempo em que não parece deixar o partido seguir seu próprio caminho e buscar alternativas para as próximas eleições gerais", disse recentemente o ex-ministro Frank Dobson.

Mesmo nas fileiras trabalhistas mais ligadas a Blair há apreensão diante do cenário para o pleito, que deve ser convocado até 2010. Nos últimos tempos, os conservadores têm aparecido em vantagens nas pesquisas de intenção de voto, criando a impressão de que o ministro das Finanças, Gordon Brown, o mais cotado à sucessão de Blair no partido, poderá ter sérios problemas para evitar um retorno ao poder da legenda que governou o país por quase três quartos do século 21.

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