Tony Blair deixará o cargo de primeiro-ministro britânico até o fim de julho de 2007, afirmou a mídia da Grã-Bretanha nesta quarta-feira, sinalizando o início de uma guerra pela liderança que, temem alguns, pode paralisar o governo por meses.
Espera-se que o ministro das Finanças, Gordon Brown, seja o sucessor de Blair na liderança do Partido Trabalhista e do governo, e muitas personalidades políticas acreditam que é importante que os dois programem um plano conjunto de liderança.
Mas há quem insista que deveria haver uma corrida aberta pelo posto, o que daria espaço para políticos como o secretário do Interior, John Reid, da Educação, Alan Johnson, ou do Meio Ambiente, David Miliband.
Dois importantes ministros disseram esta semana, junto com aliados próximos ao premiê, que a expectativa é a de que Blair deixe o cargo em no máximo um ano.
Os jornais estamparam a notícia da saída de Blair em meados de 2007 nas primeiras páginas, afirmando que o premier havia cedido à pressão cada vez maior dos parlamentares trabalhistas, que exigiam um cronograma claro para sua saída.
O tablóide "Sun" disse que Blair vai deixar o cargo de líder do Partido Trabalhista no dia 31 de maio de 2007, pouco depois de concluir dez anos no posto, e que vai renunciar ao cargo de primeiro-ministro oito semanas mais tarde, depois da eleição para escolher o novo líder do partido.
O "Daily Telegraph" comemorou o início do "longo adeus".
O gabinete de Blair descreveu as informações como "especulação", mas não as negou. "A questão real agora não é tanto a data, mas o processo de transição", disse à TV BBC David Blunkett, ex-secretário do Interior e importante aliado de Blair. "Isso significa que tanto Tony Blair como Gordon Brown, como estadistas internacionais (devem) trabalhar juntos", acrescentou ele.
Blair, de 53 anos, que ganhou três eleições consecutivas pelo Partido Trabalhista - um recorde -, viu sua popularidade despencar depois de uma série de escândalos em seu governo e do apoio à guerra no Iraque e no Líbano. Segundo as pesquisas de opinião, o Partido Trabalhista está bem atrás do Partido Conservador, de oposição, que ganhou nova vida com o jovem líder David Cameron.
Blair conquistou seu primeiro mandato em 1º de maio de 1997. Se ficar dez anos no poder, ficará um ano atrás do recorde de Margaret Thatcher em mais de um século.
Os trabalhistas escreveram uma carta exigindo que ele anunciasse a data de sua saída. Segundo a imprensa, os parlamentares podem usar a conferência anual trabalhista, que acontece este mês, para exigir que Blair confirme publicamente a data de sua saída.
O "Guardian", considerado a voz da centro-esquerda, também pressionou Blair para oficializar a data de sua saída. "Blair não pode continuar por muito tempo como primeiro-ministro sem dizer alguma coisa mais explícita e mais politicamente realista e modesta sobre seus planos", disse o jornal em um editorial.
- Há o perigo real de que todo o mecanismo do governo fique paralisado - disse Vincent Cable, porta-voz para questões econômicas do Partido Liberal Democrata.



