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O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta segunda-feira (23) que a reivindicação marítima apresentada pelo Peru contra o Chile poderia afetar uma das possíveis soluções para o pleito boliviano de recuperar um acesso ao mar.

A disputa entre Lima e Santiago, que tramita atualmente na corte internacional de Haia, é um dos obstáculos enfrentados pela Bolívia em seus esforços para recuperar um acesso soberano ao Oceano Pacífico, perdido para o Chile numa guerra no século 19, segundo Morales.

"Não gostaria de pensar que esta demanda que se apresenta perante a Corte Internacional de Haia sobre o limite marítimo entre Peru e Chile seja para afetar uma das possíveis soluções para o nosso pedido histórico", afirmou o presidente indígena.

Essa possível solução, mencionada em décadas de negociações entre La Paz e Santiago, implicaria a concessão à Bolívia de um acesso marítimo ao norte da cidade de Arica (hoje pertencente ao Chile), justamente a área de soberania marítima reivindicada por Lima.

Morales fez a advertência em discurso alusivo ao "Dia do Mar", quando a Bolívia rememora um dos episódios mais sangrentos da chamada Guerra do Pacífico, na qual também uma parte do sul peruano passou ao controle chileno.

Analistas e ex-chanceleres bolivianos alertaram recentemente que, se o Peru conseguir seu objetivo de ampliar a soberania marítima, deixaria quase sem direitos sobre o Pacífico o território que eventualmente passaria a ser da Bolívia.

"Não gostaria de pensar que em alguns países da região se trata de prejudicar (a causa boliviana). Só eles saberão a que se deve essa demanda, que afeta um das alternativas (discutidas na negociação)", disse Morales.

Ele, no entanto, revelou que a Bolívia "tem muitas propostas de solução" em suas conversas com o Chile, e que "à margem dos problemas históricos está primeiro a integração, (que) obriga mediante o diálogo a reparar esses danos de tantos anos, que cedo ou tarde devem ser resolvidos".

Bolívia e Chile não mantêm relações diplomáticas desde 1978, mas nos últimos três anos os governos de Morales e da chilena Michelle Bachelet promoveram uma aproximação que colocou a questão marítima pela primeira vez na agenda bilateral.

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