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O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o presidente do Tribunal Supremo da Venezuela no exílio, Miguel Ángel Martín, e o representante da OEA, Gustavo Cinosi |  ALAN SANTOS / AFP
O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o presidente do Tribunal Supremo da Venezuela no exílio, Miguel Ángel Martín, e o representante da OEA, Gustavo Cinosi| Foto:  ALAN SANTOS / AFP

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (17), que seu governo fará “todo o possível para restabelecer a ordem, a democracia e a liberdade na Venezuela”, governada pelo ditador Nicolás Maduro.

A declaração foi dada ao lado do presidente do Tribunal Supremo da Venezuela no exílio, Miguel Ángel Martín, a quem o mandatário brasileiro se referiu como “autoridade que representa a Venezuela que nós queremos”. 

A fala de Bolsonaro ocorreu no dia em que o governo brasileiro fez o gesto mais forte até o momento para intensificar as pressões internacionais que visam o fim do regime de Maduro, classificado pelo Itamaraty em nota como um “mecanismo de crime organizado baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico e no terrorismo”. 

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Além do mais, a manifestação da diplomacia brasileira reforçou a sinalização de que o país está disposto a reconhecer Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela caso ele assim seja declarado pela Assembleia Nacional, órgão legislativo venezuelano controlado pela oposição. 

Durante toda a quinta-feira o chanceler Ernesto Araújo organizou uma reunião no Itamaraty com as principais lideranças opositoras da Venezuela que vivem no exílio. Fizeram parte do grupo o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, o deputado Julio Borges e o dirigente do partido Voluntad Popular Carlos Vecchio, entre outros. 

Além dos venezuelanos, compareceram diplomatas do Grupo de Lima, formado por países que no início do ano assinaram uma declaração na qual afirmaram que o novo mandato de Maduro, inaugurado em 10 de janeiro, é ilegítimo. Também estiveram presentes representantes da diplomacia dos Estados Unidos e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do mandatário brasileiro e atuante em temas internacionais. 

“Sabemos como esse desgoverno chegou ao poder, inclusive com a ajuda de presidentes que o Brasil já teve, como Lula e Dilma. E isso nos torna responsáveis pela situação em que vocês se encontram, em parte”, concluiu Bolsonaro, numa declaração divulgada no Twitter da Presidência da República. 

Com a reunião realizada nesta quinta-feira, o Brasil se coloca como um dos principais articuladores do movimento internacional para isolar Maduro e forçar sua saída. Em nota divulgada após o encontro, o Itamaraty reiterou que o governo venezuelano é “ilegítimo” e disse que o encontro com os opositores também analisou a disposição de Guaidó assumir a presidência da República em caráter transitório. 

Conseguir o reconhecimento internacional para Guaidó caso a Assembleia Nacional, cujos poderes foram declarados nulos pelo chavismo, dê esse passo, é um dos principais pleitos das forças venezuelanas que querem a saída de Maduro do poder. 

Interlocutores que estiveram no encontro afirmam que o Brasil manifestou intenção de reconhecer a legitimidade de Guaidó quando esse passo for dado. No entanto, a avaliação entre os representantes da oposição é que a situação interna e externa na Venezuela ainda não está madura para que isso aconteça no curto prazo. Interessa aos opositores venezuelanos que o reconhecimento de Guaidó ocorra pelo maior número de países possíveis, o que ainda depende de costuras no plano exterior. 

“Desejemos que se reconheça não apenas a Assembleia Nacional e o Tribunal Supremo de Justiça no exílio como instituições legítimas, mas que se aceite também que Juan Guaidó é o presidente constitucional da Venezuela”, disse Ledezma.

Em vídeo publicado me redes sociais, Ledezma diz que uma das conclusões alcançadas na reunião é “reconhecer Juan Guaidó como presidente temporário da Venezuela”. Ele pediu que os governos do Grupo de Lima estejam atentos às ameaças contra a segurança de Guaidó e dos parlamentares, e acrescentou que não participarão de diálogos com o governo considerado ilegítimos e que não haverá eleições até que “se [desmonte] todo o aparato fraudulento que está no Conselho Nacional Eleitoral”.

Os venezuelanos também pediram às autoridades brasileiras que adotem sanções econômicas contra autoridades do chavismo para intensificar a ação internacional contra o ditador chavista. A nota do Itamaraty, no entanto, não menciona a disposição do Brasil de adotar esse tipo de medida.

“O sistema chefiado por Nicolás Maduro constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e no terrorismo. O Brasil tudo fará para ajudar o povo venezuelano a voltar a viver em liberdade e a superar a catástrofe humanitária que hoje atravessa”, diz a nota divulgada pelo Itamaraty.

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