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Bolsonaro planeja trocar Argentina por Chile e preocupa país vizinho

Futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que nem Mercosul nem Argentina serão prioridades na política externa do governo de Jair Bolsonaro

Argentina está preocupada com um possível afastamento do Brasil sob o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) | CARL DE SOUZA/AFP
Argentina está preocupada com um possível afastamento do Brasil sob o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) (Foto: CARL DE SOUZA/AFP)

A Argentina está preocupada com um possível afastamento do Brasil sob Jair Bolsonaro (PSL), eleito domingo (28). "É uma ruptura do status quo, mas talvez a Argentina já esperasse por isso", disse o economista Marcelo Elizondo, especialista em Mercosul.

Nesta segunda, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que deve ser o ministro da Casa Civil de Bolsonaro, afirmou que o Chile será o primeiro destino internacional de Bolsonaro, quebrando uma praxe da política externa brasileira segundo a qual a Argentina é o primeiro destino dos presidentes eleitos no Brasil, seja qual for a coloração ideológica dos governos de turno.

Além disso, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou no domingo que nem Mercosul nem Argentina serão prioridades.

"A ideia de a Argentina ser secundária para a economia brasileira choca e está causando grande agitação na Argentina, mas este é o retrato deste momento, é preciso que esperar um pouco mais", diz Elizondo. 

"O Brasil é ainda o principal parceiro comercial da Argentina e a Argentina é o terceiro no ranking do comércio exterior brasileiro".

O economista lembra que o presidente Carlos Menem (1989-1999), em cujo governo se dizia que as relações entre Argentina e EUA deveriam ser "carnais", disse algo parecido sobre o Brasil quando assumiu, mas que "a realidade acabou se impondo".

Parceria Brasil-Argentina

Apesar da crise nos dois países, o Brasil exportou para a Argentina nos primeiros nove meses deste ano, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, US$ 12,3 bilhões – 6,83% de suas vendas ao exterior – e importou US$ 8,2 bilhões, com saldo positivo de US$ 4,1 bilhões na balança. 

Quase metade do valor exportado vem do setor de veículos, enquanto para o principal parceiro, China, o país exporta majoritariamente commodities, e com o segundo, os EUA, tem um déficit de US$ 555 milhões até setembro.

Os dois países coincidem, porém, no desejo de flexibilizar o Mercosul, bloco comercial do qual também são sócios Uruguai e Paraguai (além de Venezuela, por ora suspensa).

Elizondo lembra que, nos últimos anos, desde o impeachment de Dilma Rousseff e com o Brasil em recessão, a Argentina também buscou novos aliados fora.

"É um desejo comum de Brasil, Paraguai, Argentina de que o Mercosul seja mais flexível e que ofereça mais possibilidades de se ampliar tratados dos países com parceiros fora do bloco."

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Reação

Ouvir de Paulo Guedes que a Argentina não será mais prioridade, porém, produziu efeito negativo no país vizinho.

Em resposta à correspondente no Brasil do jornal argentino Clarín,Guedes disse que "a prioridade é fazer comércio com todo o mundo" e que "o Mercosul quando foi feito, se transformou em um instrumento ideológico, em uma prisão cognitiva".

Houve aparente confusão com outros blocos latino-americanos apoiados pelos governos passados, como a Unasul (dos três sócios no Mercosul, dois têm governos à direita e um, o Uruguai, de centro-esquerda). A reportagem apurou com autoridades argentinas que o discurso causou apreensão. 

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Ainda segundo uma fonte, contudo, a conversa entre Bolsonaro e o presidente Mauricio Macri há duas semanas foi "extremamente cordial", e é necessário esperar que os dois se encontrem para tirar conclusões sobre a relação. 

A Argentina está considerando convidar Bolsonaro para a reunião do G20, que recebe nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro próximos, em Buenos Aires. A agenda do eleito seria mantida e, ao mesmo tempo, poderia fazer um aceno ao vizinho.

Apesar da rivalidade histórica entre Chile e Argentina, Macri e o chileno Sebastián Piñera têm jogado junto na política externa e compartilham "da mesma visão de mundo, mais liberal e conservadora".

Ambos têm origem empresarial, acenam ao mercado externo e ascenderam como opções à esquerda, com uma agenda que prega a eficiência.

Colômbia nega aliança militar contra Maduro 

O governo colombiano negou que estaria disposto a apoiar uma intervenção militar na Venezuela feita pelo novo presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro. A informação do apoio colombiano a uma ação militar contra o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, foi dada pela Folha de S.Paulo, que mantém a apuração. 

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A declaração foi divulgada pelo ministro de Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, nas redes sociais. 

"O Ministério das Relações Exteriores, em nome do governo da Colômbia, rejeita e nega as versões que foram publicadas hoje pelo jornal Folha de S.Paulo sobre uma suposta e inexistente sugestão da Colômbia ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, para derrubar o governo de Nicolás Maduro através de uma intervenção militar", afirma ele no vídeo. 

"O governo do presidente Iván Duque, como ele já expressou repetidas vezes, mantém uma tradição não-bélica e busca, por meio de ações políticas e diplomáticas regionais e multilaterais, contribuir para a criação de condições para que, mais cedo ou mais tarde, o povo irmão da Venezuela possa viver novamente com democracia e liberdade", completa ele. 

A Folha apurou na diplomacia colombiana que se Bolsonaro ajudar a derrubar Maduro através de uma intervenção militar, ele terá o apoio de Bogotá.

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