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Ponte Tienditas, na fronteira entre Cucuta, Colômbia, e Urena, na Venezuela, bloqueada com contêineres pelas forças militares venezuelanas em 5 de fevereiro de 2019 | Divulgação/Imigração colombiana/AFP
Ponte Tienditas, na fronteira entre Cucuta, Colômbia, e Urena, na Venezuela, bloqueada com contêineres pelas forças militares venezuelanas em 5 de fevereiro de 2019| Foto: Divulgação/Imigração colombiana/AFP

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta terça-feira (5) que o Brasil avalia a forma de disponibilizar ajuda humanitária à Venezuela.

"Nós estamos criando um processo de coordenação lá em Brasília para ver exatamente como seria a logística, como nós poderíamos ajudar com essa questão do trânsito da ajuda humanitária e da disponibilização da ajuda humanitária como parte também do nosso esforço de consolidar o processo de transição democrática", afirmou nesta tarde em Washington, sem responder se a ajuda humanitária à Venezuela pode entrar pela fronteira com o Brasil.

Ele descartou, contudo, a possibilidade de receber tropas americanas em território brasileiro para trabalhar na abertura de um canal de apoio à população do país vizinho.

"Qualquer que seja a maneira de fazer chegar ajuda humanitária temos certeza que não é necessário ter tropas americanas ou de outro país, nós teríamos condições de proporcionar a logística para isso com nossos próprios meios", afirmou Araújo.

A ajuda humanitária à Venezuela tem sido oferecida pela comunidade internacional desde o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino, frente à crescente pressão doméstica e internacional pela saída de Nicolás Maduro do poder e a convocação de eleições presidenciais.

Ponte bloqueada na Colômbia

Os EUA estão enviando ajuda humanitária à cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, onde os materiais ficarão armazenados até que possam ser entregues à população, segundo funcionários do governo americano ouvidos pela agência Reuters. 

Manter ajuda humanitária em pontos de fronteira por semanas ou meses enquanto funcionários negociam com regimes ou países como ocorrerá a entrada dos mantimentos é comum, dizem especialistas ouvidos pela Reuters. 

No entanto, não está claro como a entrada da ajuda acontecerá sem a autorização do ditador Nicolás Maduro e sem a cooperação dos militares venezuelanos, que, até agora, têm se mantido leais ao regime, salvo exceções. 

O braço venezuelano da organização internacional Cruz Vermelha, que tem experiência em operações humanitárias, disse que não foi notificada sobre as condições de entrega da ajuda nem sabe no que ela consiste. O presidente da organização, Mario Villarroel, disse que ela não vai participar da entrega da ajuda no país: "não é nossa função". 

Já Franklin Graham, da organização evangélica Samaritan's Purse, que presta auxílio a migrantes venezuelanos em Cúcuta há três anos, diz que os grupos humanitários não têm acesso ao território venezuelano. "Não sei como vão fazer isso [entrar com a ajuda] até que a situação política mude", afirmou. 

"O governo da Venezuela precisa abrir as fronteiras e deixar os comboios de alimentos entrarem, abrir os aeroportos e deixar entrar os voos com comida." 

Maduro vem negando o auxílio internacional sob os argumentos de que não há crise na Venezuela e de que a entrada de ajuda serviria como pretexto para disfarçar uma intervenção militar. Uma foto divulgada pela assessoria de imprensa da Imigração da Colômbia mostra contêineres bloqueando a ponte Tienditas, na fronteira entre Cúcuta, Colômbia, e Urena, na Venezuela. Segundo denunciou um deputado opositor, tal bloqueio foi feito por oficiais militares venezuelanos nesta terça-feira (5).

Enquanto isso, parlamentares da oposição pediam que os militares deixassem entrar a ajuda. "Vocês sabem que há uma linha vermelha, que remédios, alimentos e insumos médicos são essa linha vermelha", disse o deputado Miguel Pizarro, que afirmou que, se os militares bloquearem a entrada da ajuda, se criará um cenário "que todos vamos lamentar". 

O parlamentar afirmou que a oposição dará mais detalhes sobre a entrada da ajuda quando ela chegar à fronteira. 

No sábado, o líder opositor e presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, havia dito que a ajuda chegaria nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia e em uma ilha no Caribe.  

Nesta terça, a Comissão Europeia anunciou que enviaria ajuda de € 5 milhões à Venezuela. A ajuda inclui prestação de cuidados de saúde de emergência, educação, acesso a água potável e saneamento, bem como as necessidades de proteção, abrigo, alimentação e nutrição, disse a Comissão. 

Crise política 

Do lado político, Maduro enfrenta pressão interna e externa cada vez maior. Em janeiro, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, fez juramento como presidente encarregado, sob o argumento de que as eleições que deram novo mandato a Maduro (até 2025) foram fraudadas. 

Mais de 30 países já reconheceram o líder opositor, entre eles Brasil, EUA e países europeus e latino-americanos. 

Guaidó defende que Maduro deixe o poder e se propõe a fazer um governo de transição até que sejam feitas novas eleições presidenciais. 

Também em janeiro, os EUA bloquearam bens da estatal PDVSA e impuseram limites aos negócios de empresas americanas com a petroleira, em esforço para cortar importante fonte de recursos do regime, a venda de petróleo. 

O papa Francisco disse nesta terça que o Vaticano está disposto a ajudar a mediar a crise política na Venezuela caso todos os lados concordem. 

O ditador declarou na segunda (4) a uma TV italiana que enviou carta ao papa pedindo "ajuda em um processo para facilitar e reforçar o diálogo". O pontífice confirmou que recebeu a carta.

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