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O Grupo de Supridores Nucleares (NSG, na sigla em inglês) deverá aprovar no dia 5, em Viena, uma exceção para que seus 45 membros possam firmar acordos na área nuclear com a Índia. A medida vai desencadear uma super concorrência entre três potências nucleares - Estados Unidos, Rússia e França - pela construção e fornecimento de combustível para as usinas nucleares que a Índia planeja construir até 2020.

Conjuntamente, esses reatores seriam capazes de gerar 20 mil megawatts de energia elétrica - quase duas Itaipu - e atender a cerca de 25% da demanda por eletricidade.

O valor total do negócio é estimado em US$ 100 bilhões. Mas a tendência é que, nessa disputa, os Estados Unidos corram na lanterna.

Com um acordo de cooperação praticamente finalizado com a Índia, o governo brasileiro igualmente espera a decisão do NSG para iniciar sua parceria com a Índia na área nuclear e dar uma mordida nesse mercado.

O acordo Brasil-Índa envolverá o projeto de construção de uma usina nuclear conjunta, que permitirá também a exportação de urânio enriquecido para os indianos, além do desenvolvimento da tecnologia nuclear aplicada à medicina, à agricultura e à indústria.

Especialistas brasileiros que acompanham o tema afirmam que o mercado indiano será estratégico para os países que atuam no desenvolvimento de reatores de potência - negócio que não envolve somente a construção e a instalação de maquinário, mas também o fornecimento corrente de combustível nuclear.

No caso da Índia, essa questão é especialmente sensível. O país dispõe de grandes reservas de tório, mas não de urânio. O Brasil, que ambiciona tornar-se competitivo na exportação de urânio enriquecido, avalia que essa é uma oportunidade para entrar no mercado.

Salvaguardas

A negociação dessa brecha nas regras da NSG tomou impulso com a aprovação pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), no dia 1º de agosto, de um acordo de salvaguardas com a Índia. Esse acordo significou a reintrodução da Índia no circuito internacional dos negócios relacionados à tecnologia nuclear com fins pacíficos, a despeito de o país não ser membro do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Como contrapartida à autorização para a inspeção das Nações Unidas em suas plantas nucleares, o acordo de salvaguardas permitirá a venda de material e de tecnologia nuclear à Índia. O país possui reservas limitadas de urânio e depende da importação de combustível nuclear, especialmente para as suas futuras usinas.

Na disputa por esse novo mercado, os EUA saem em desvantagem por causa da agenda imposta ao Congresso americano pela eleição presidencial. Embora seu acordo nuclear com a Índia esteja pronto e assinado, a administração de George W. Bush disporá apenas do período de 8 a 26 de setembro para analisar e aprovar o acerto. O prazo é menor que os 30 dias de tramitação exigidos pelo regulamento do Capitólio.

A missão de aprovar o acordo no Congresso recairá, inevitavelmente, no colo do vencedor das eleições de novembro. Até fevereiro de 2009, quando se dará a posse do sucessor de Bush na Casa Branca, os governos da França e da Rússia terão cinco meses de vantagem para selar novos compromissos com Nova Délhi.

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