• Carregando...
Celso Amorim durante reunião da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ministro espera que decisão sobre sanções seja adiada até encontro do G20 | Reuters
Celso Amorim durante reunião da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ministro espera que decisão sobre sanções seja adiada até encontro do G20| Foto: Reuters

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira (1º) que o Brasil, "mesmo não sendo favorável", vai respeitar eventuais sanções ao Irã caso sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O chanceler foi à Comissão de Relações Exteriores do Senado para explicar o acordo nuclear assinado com Irã para troca de urânio levemente enriquecido por combustível nuclear com a Turquia.

"O Brasil respeita meticulosamente as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã. Houve até um episódio, em uma feira de segurança no Rio de Janeiro, em que uma empresa de um país do Ocidente trazia material de defesa iraniano. E, como isso estava proibido pelas sanções, o Brasil se recusou a receber tal material", afirmou Amorim. "Se houver sanções, mesmo que o Brasil não seja favorável, vai respeitá-las", disse.

O ministro afirmou esperar que nenhuma decisão sobre a imposição de sanções ao Irã seja tomada pelo Conselho antes da reunião do G20, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve fazer uma defesa do acordo fechado por Brasil e Turquia com a República Islâmica. O encontro será realizado no Canadá neste mês.

O acordo assinado por é visto com desconfiança e tem sido alvo de críticas das maiores potências mundiais desde que o presidente Lula foi ao Oriente Médio. Os Estados Unidos e países da comunidade européia defendem a aplicação de novas sanções ao regime iraniano diante da disposição do presidente Mahmoud Ahmadinejad de continuar com a política de enriquecimento de urânio.

Segundo Amorim, o Irã tem atualmente 2.427 quilos de urânio. O que, na avaliação dele, seria suficiente para fabricar apenas uma bomba nuclear e não duas, como foi noticiado nesta terça, pela imprensa internacional. "A melhor informação que eu tenho, inclusive de serviço secreto de países que são contra a posição do Irã, é de que, no mínimo, são necessários dois mil quilos de urânio levemente enriquecido para produzir uma bomba atômica rudimentar, semelhante à que foi usada em Hiroxima", afirmou Amorim aos senadores da comissão.

O acordo celebrado com o Irã prevê que o país receba um quilo de combustível nuclear para cada dez quilos de urânio levemente enriquecido enviado ao território turco. O Irã deve depositar 1,2 mil quilos na Turquia em troca de 120 quilos de combustível.

Segundo Amorim, foi o próprio governo dos EUA que incentivou o Brasil a entrar nas negociações com o Irã. "O Brasil havia sido instado pelo presidente Obama a ajudar no engajamento com o Irã. O objetivo principal deles era obter o engajamento do Irã", afirmou.

O primeiro movimento brasileiro na questão, segundo o chanceler brasileiro, ocorreu durante a visita de Ahmadinejad ao Brasil, em março. "Por várias razões, o Brasil tinha o interesse de esclarecer esse ponto [programa nuclear iraniano]. Primeiro, porque a gente tem interesse na paz, porque o Brasil passaria a ser membro do Conselho de Segurança da ONU e tem responsabilidade perante a segurança internacional. Finalmente, o Irã é um grande país. Vai ter fatalmente uma atuação importante no Oriente Médio e é um país com o qual o Brasil tem e deseja ter relações econômicas tradicionais", afirmou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]