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Dois brasileiros ficaram feridos no ataque. | PHILIPPE WOJAZER/REUTERS
Dois brasileiros ficaram feridos no ataque.| Foto: PHILIPPE WOJAZER/REUTERS

Os atentados em Paris desta sexta-feira (13) deixaram mais de cem mortos em diversos locais, incluindo o Stade de France, a casa de shows Bataclan e restaurantes. O presidente da França, François Hollande, declarou estado de emergência no país.

Parisienses oferecem abrigo pelo Twitter em meio a caos em Paris

Várias pessoas recorreram à rede social para encontrar e oferecer refúgio na sexta-feira à noite, quando Paris foi tomada pelo caos após uma série de ataques que deixaram dezenas de mortos e feridos.

A hashtag no Twitter #porteouverte, que significa “porta aberta” em francês, era usada para oferecer abrigo, depois que autoridades recomendaram que as pessoas saíssem das ruas.

Foi a hashtag mais usada no mundo, citada por mais de 400.000 tuítes poucas horas após sua criação. “Esta conta será usada para tuitar e retuitar lugares para ficar em segurança nesta noite”, segundo uma mensagem da conta @PorteOuverteFRA, criado no Twitter horas depois dos ataques.

Dezenas de endereços e números de telefone para apartamentos estavam sendo publicados na conta, enquanto que ofertas de alojamento de outros indivíduos também eram compartilhadas.

Uma mensagem de @LaraPlowright, escrita com uma mistura de inglês e francês, dizia: “Qualquer pessoa retida em torno da estação Gare du Nord, si besoin (se necessário) #porteouverte na região da Gare du Nord, peut loger 2-3 personnes (pode acomodar 2-3 pessoas).”

Outras mensagens usando a mesma hashtag diziam que táxis estavam oferecendo transporte gratuito para quem precisasse ser levado a um abrigo.

Dois brasileiros ficaram feridos nos ataques. Outros brasileiros residentes na capital francesa relataram o clima de pânico na cidade.

‘Saímos do estádio com as mãos para cima’

“Eu e um amigo estávamos no estádio, assistindo ao amistoso entre França e Alemanha. Logo aos 15 minutos do primeiro tempo, ouvimos duas explosões, num intervalo de poucos minutos. Eu achei o barulho mais alto que um rojão e estranhei. Mas as pessoas continuaram torcendo normalmente.

Um pouco antes do intervalo, meu amigo recebeu mensagens da mãe contando sobre os atentados. No segundo tempo, algumas pessoas já sabiam o que estava acontecendo e tentaram sair, mas a saída foi bloqueada.

Comecei a receber diversas mensagens. Até então eu não achava que era algo grande. O jogo seguiu normalmente.

Faltando 15 minutos para o fim, a saída foi liberada, mas deixaram apenas um portão aberto. Tinha muita gente. Os policiais tinham lanterna e observavam a todos pela saída afunilada. Saímos com as mãos para o alto.

No metrô, tinha muita gente. Não sabíamos se estava funcionando. Mas aí passou um trem e eu vim para casa, na zona sul, longe dos ataques.

Tinha helicóptero, polícia, ambulância. A pior coisa é não saber a gravidade do que está acontecendo.

Eu ia vendo que era algo muito maior. Foi muito tenso.”

João Pedro Lima, 21, estudante de direito em intercâmbio

‘Foi como no atentado ao Charlie Hebdo’

“Moro em Paris há 12 anos. Vivo perto da [casa de shows] Bataclan, que também fica bem próximo a sede do jornal Charlie Hebdo.

Vi da varanda a rua sendo bloqueada e uma quantidade enorme de carros de polícia.

Estava trabalhando e começou sirene de tudo quanto é lado. Liguei a TV e vi o que estava acontecendo.

Começou uma rede de amigos se telefonando para saber se estavam bem. Foi como no [atentado ao] “[Charlie Hebdo]’. Ninguém esperava outro atentado no mesmo ano. E muito mais violento. Ainda mais em locais super boêmios.

A Bataclan é um lugar mítico aqui. Costumo frequentar umas duas vezes por ano. O restaurante Le Petit Cambodge [onde houve outro ataque] é famoso, jantei lá no meu aniversário.”

Fernando Pinheiro, 37, fotógrafo

‘Nunca passei tanto medo na vida’

“Estava com amigos no Stade de France, quando escutei o som de bombas vindo de fora.

Ninguém fez nada e eu achei que estava sendo paranoica. Quando terminou o jogo, descobrimos a gravidade da situação.

Nunca passei tanto medo na vida, porque tive que voltar de metrô. As pessoas dentro do estádio correram para o gramado, a estação de trem estava lotada, um caos. Estou tremendo até agora.”

Camila Gomes, 31, jornalista

‘Ouvi as sirenes e achei melhor ficar em casa’

“Eu moro no [distrito] 10, na rua Marie-et Louise. O final da minha rua dá de frente para o restaurante Petit Cambodge [onde ocorreu um dos ataques].

Quando cheguei em casa, eu ouvi [um barulho], não sabia se era tiroteio ou bomba, eu não sei identificar. Mas ficou por um tempinho.

Na verdade, eu nem dei bola, por que a minha internet já estava ruim, então não consegui pesquisar. Em seguida ouvi muito barulho de sirene de ambulância e uma amiga mandou mensagem dizendo que teve ataque no 10 e no 11 -ela mora no 11- e disse que podia ser aqui perto.

Eu ia sair na hora, para um bar perto de onde teve o ataque, mas decidi não ir. Depois vi no noticiário que era aqui perto. Ia passar por lá bem na hora! Tenso!

Não desci para ver como estão as coisas na rua. É bem assustador. Achei melhor ficar bem quieta aqui [no apartamento]. Aqui no prédio está tudo quieto e apagado.

O telefone do meu vizinho começou a tocar sem parar e os barulhos da sirene não param (tem um hospital aqui do lado). Tem um helicóptero passando também.”

Tamiris Moraes, 23, estudante da universidade Sorbonne

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