Kamal Kharrazi, assessor do líder iraniano, aiatolá Ali Khamenei.
Kamal Kharrazi, assessor do líder iraniano, aiatolá Ali Khamenei.| Foto: Reprodução

Em entrevista à TV Al Jazeera do Catar neste domingo (17), Kamal Kharrazi, assessor do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, disse que o Irã é tecnicamente capaz de construir uma bomba nuclear. A declaração foi uma espécie de “resposta” ao presidente americano Joe Biden que, durante visita a Israel e Arábia Saudita, prometeu que iria atuar para impedir que o Irã conseguisse armas nucleares.

"Em poucos dias, conseguimos enriquecer urânio em até 60% e podemos facilmente produzir urânio enriquecido em 90%. O Irã tem os meios técnicos para produzir uma bomba nuclear, mas não houve decisão do Irã de construir uma", disse Kharrazi.

Na entrevista, Kharrazi continuou dizendo que o Irã responderá diretamente a qualquer ameaça contra sua segurança. "Visar nossa segurança de países vizinhos será uma resposta nossa a esses países e uma resposta direta a Israel. Realizamos extensos exercícios visando a profundidade de Israel, caso nossas instalações sensíveis sejam atingidas", ressaltou.

Ele também abordou o programa nuclear e as negociações para reviver o JCPOA e disse: que não há garantias por parte dos EUA relacionadas à preservação do acordo nuclear (JCPOA), e isso congelará qualquer acordo possível. "Se a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) fossem justos e independentes, seria fácil resolver disputas", disse.

Um acordo nuclear estabelecido em 2015 entre o Irá e outras potências nucleares determinou  uma série de medidas a serem cumpridas para que o Irã deixasse de sofrer sanções econômicas. Uma das medidas prevê que o urânio no país só poderia ser enriquecido até o limite de 3,67%. Para a fabricação de bombas nucleares, o material precisa ser enriquecido a 90%.

Quando o ex-presidente Donald Trump abandonou o acordo, 2018, o Irã começou a violar as restrições impostas. Ainda assim, o desenvolvimento de armas nucleares continua proibido no país, devido a um decreto religioso de Khamenei, proferido no início dos anos 2000.