Prédio do jornal El Nacional em Caracas, Venezuela
Prédio do jornal El Nacional em Caracas, Venezuela| Foto: Reprodução/Wikipedia/Guillermo Ramos Flamerich

A justiça do regime chavista confiscou na sexta-feira passada o prédio onde até então funcionava a sede do jornal venezuelano El Nacional, um dos mais tradicionais veículos de comunicação de oposição à ditadura de Nicolás Maduro. Funcionários do poder judicial e da Guarda Nacional Bolivariana ocuparam o prédio, alegando se tratar de uma ordem judicial em um processo de difamação movido por Diosdado Cabello, segundo homem mais poderoso do chavismo, contra o El Nacional, no qual o jornal foi condenado a pagar US$ 13 milhões ao deputado.

Poucos funcionários estavam no local, já que a maior parte da equipe de jornalismo está trabalhando de casa devido à pandemia. Desde 2018, devido à falta de acesso ao papel-jornal, item controlado pela ditadura, o jornal não tem edição impressa, contando apenas com a versão online.

"Quase 78 anos de história trazendo informações reais ao país. A democracia vive quando há liberdade de expressão. Hoje eles estão nos confiscando, eles estão tirando nossos bens por supostos danos. Isso é totalmente ilegal, é um ataque à democracia", disse Miguel Ortero, presidente do El Nacional.

Em 2015, Cabello alegou "danos morais" depois de ter sido vinculado ao narcotráfico em reportagens do jornal ABC, da Espanha, e do Wall Street Journal que haviam sido republicadas pelo El Nacional. O chavista também tentou condenar os jornais espanhol e americano, sem sucesso. Na Venezuela, porém, Cabello obteve sentenças favoráveis desde o início do processo até o recente julgamento pela Suprema Corte chavista.