Uma briga entre meninas pode ter sido a causa de um incêndio em um prédio residencial na periferia de Paris, na região de Paris, que deixou 16 mortos.
Segundo a polícia, duas das cinco meninas detidas nos últimos dois dias, por suspeita de envolvimento no incêndio ocorrido no domingo, confessaram ter iniciado o fogo por vingança após uma briga.
O fogo começou nas caixas de correio do prédio e se propagou rapidamente para o teto de madeira da entrada, atingindo as escadas do edifício de 18 andares de L'Hay-les-Roses, no leste da capital francesa, onde viviam cerca de 118 famílias e 350 pessoas.
Num primeiro momento, duas das três jovens que tinham sido colocadas sob custódia policial no domingo explicaram seu gesto como um "jogo" e garantiram que "não tinham vontade de matar".
Mas, depois, retificaram e reconheceram que atearam fogo no local por vingança após uma briga com uma menina que morava no prédio, colocando fogo em sua caixa de correio.
Uma quarta adolescente foi detida no domingo à noite e uma quinta no início desta manhã. Duas delas têm 18 anos e as outras três são menores de idade, segundo as fontes policiais, que informaram ainda que libertarão uma das detidas hoje.
Moradores do bairro disseram à Polícia que tinham visto várias das meninas saindo depressa do edifício num carro. Elas prestaram depoimentos contraditórios e as forças de segurança as levaram à Polícia Criminal de Paris.
As duas supostas autoras materiais do incêndio e suas duas cúmplices, que já haviam tentado atear fogo na caixa do correio na noite do sábado, devem ser apresentadas a um juiz instrutor hoje ou amanhã, segundo as fontes.
As autoridades não descartam um aumento no número de vítimas porque sete pessoas continuam hospitalizadas, entre elas uma criança.
Todas elas, assim como os mortos, três crianças, dois haitianos e muitos de origem africana, foram vítimas da fumaça ao tentarem escapar das chamas pelas escadas do prédio em vez de esperar a chegada dos bombeiros em seus apartamentos.
Todos os moradores do edifício, que foram hospedados em hotéis ou em casas de familiares, devem poder retornar a seus lares em aproximadamente 15 dias, depois do fim das obras de recuperação da área incendiada do imóvel, que estava em bom estado e cujos habitantes não são especialmente conflituosos.
O incêndio do edifício foi o terceiro com mortes na região de Paris em 10 dias. Os outros dois, que deixaram 24 imigrantes africanos mortos, entre eles 14 crianças, tinham acontecido em edifícios antigos da capital francesa, e a Justiça suspeita que um deles tenha sido criminoso.
Quatro dias depois do incêndio num edifício do bulevar Vincent-Auriol, onde 17 pessoas morreram no último dia 29 de agosto, o drama atingiu a rua de Roi-Douré, perto do museu Picasso, no bairro parisiense de Le Marais, onde os apartamentos custam mais de 6 mil euros por metro quadrado.
Esta série de incêndios começou em abril, com a morte de 24 imigrantes, em sua maioria africanos, numa pensão insalubre de Paris, nos limites das famosas lojas Galeries Lafayette.
Traumatizados pelos recentes dramas, entre 5 mil e 10 mil representantes da numerosa comunidade africana da França protestou nas ruas de Paris no último sábado contra a política do Governo conservador de Dominique de Villepin e para expressar solidariedade com as vítimas e as famílias.



