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Europa

Broto de feijão pode ser a origem do surto

Empresa que produzia brotos e produtos agrícolas é apontada como possível fonte do surto da bactéria E. coli, que já matou 22 pessoas

Ministro da Saúde, Daniel Bahr, e Cornelia Pruefer-Storcks, responsável pela secretaria de Saúde de Hamburgo, admitiram dificuldades devido à falta de leitos na região do surto | Fabian Bimmer/Reuters
Ministro da Saúde, Daniel Bahr, e Cornelia Pruefer-Storcks, responsável pela secretaria de Saúde de Hamburgo, admitiram dificuldades devido à falta de leitos na região do surto (Foto: Fabian Bimmer/Reuters)
Placa de restaurante no centro de Lüebeck, na Alemanha, avisa:

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Placa de restaurante no centro de Lüebeck, na Alemanha, avisa:

SÃO PAULO - O governo da Alemanha afirmou ontem que brotos de feijão cultivados no norte do país são a causa mais provável do surto letal de E.coli (Esche­richia coli). A bactéria matou 22 pessoas e infectou mais de 2.200 na Europa e nos Estados Unidos.Uma empresa que produzia brotos e produtos agrícolas em uma fazenda entre Hamburgo e Hannover foi interditada, segundo o ministro da Agricul­tura da Baixa Saxônia, Gert Lindermann.

"Temos uma pista [que leva a essa empresa] como a fonte da infecção", disse Lindermann. "Ela é a fonte mais convincente da doença E. coli", afirmou o ministro.

Infectados pela bactéria em ao menos cinco estados alemães foram diretamente relacionados ao consumo de produtos da empresa. Além do broto de feijão, estão sob suspeita outros 17 tipos de brotos cultivados na propriedade, entre eles de brócolis, grão de bico, ervilha, lentilha e rabanete. A empresa também produzia frutas, flores, batatas e hortaliças.

"Muitos restaurantes afetados pelo surto de E.coli receberam esses brotos", disse Gert Hahne, porta-voz do Ministério da Agricultura da Baixa Saxônia.

O proprietário de um restaurante alemão cuja comida pode ter sido contaminada pela bactéria E. coli disse ontem que ficou devastado ao saber que muitos de seus clientes foram infectados.

"Foi como um golpe na cabeça quando eu ouvi a notícia", disse Joachim Berger em entrevista na cozinha de seu restaurante, em Lüebeck, a 60 quilômetros da cidade de Hamburgo.

Na semana passada, o governo alemão chegou a dizer que o surto havia sido causado por pepinos importados da Espanha, mas recuou após protesto do país. Os primeiros casos foram atendidos em hospitais alemães no dia 18 de maio.

Vítimas

Ao menos 21 mortes foram registradas na Alemanha e uma na Suécia. O número oficial de alemães infectados é 2.153, dos quais 627 desenvolveram uma complicação que causa falência dos rins.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), um total de 90 casos foram registrados em outros países europeus e nos Estados Unidos.

Em uma coletivade imprensa realizada neste domingo, o ministro da Saúde alemão, Daniel Bahr, defendeu a gestão da crise e disse que Hamburgo reagiu mais rápido e de forma mais eficiente do que em outros surtos de E. coli já registrados em outros países. A oposição acusa o governo e diz que a crise poderia estar sendo controlada de forma mais enérgica.

Ele admite, porém, que os hospitais da Alemanha estão tendo dificuldades para lidar com o enorme fluxo de vítimas da bactéria E.coli. Os hospitais de Hamburgo, epicentro do surto que começou há três semanas, têm dispensado pacientes com doenças menos graves para poder atender às pessoas atingidas por uma cepa rara e extremamente tóxica da bactéria Escherichia coli (E. coli).

"Estamos enfrentando uma situação tensa em relação aos cuidados com os pacientes", disse Bahr ao jornal Bild am Sonntag. Ele acrescentou que hospitais fora de Hamburgo podem ser utilizados para compensar a "falta de leitos" na segunda maior cidade da Alemanha.

Um porta-voz do hospital Regio Clinics, o maior hospital particular do Estado de Schleswig-Holstein, que fica perto de Hamburgo, disse que a crise estava usando os recursos até o limite.

Ele disse ainda que "cirurgias para doenças não fatais estão sendo remarcadas. No entanto, parece que a situação está melhorando, já que agora temos apenas 60 pacientes que precisam ficar isolados, comparados com os 109 na sexta-feira."

Grupos

O UKE (Hospital Universitário de Hamburg-Eppendorf) centraliza o atendimento aos casos mais graves da região. "É uma situação que nunca confrontamos no passado", conta Jörg Debatin, diretor do UKE.

"É muito difícil fazer qualquer tipo de previsão quanto à epidemiologia. No fim de semana passado, vimos uma diminuição de infectados, só para sermos surpreendidos com um novo pico há alguns dias", afirma.

O hospital passou a dividir os pacientes em grupos, segundo a gravidade do quadro clínico. Dos cerca de 700 casos confirmados, o UKE acompanha entre 200 e 250.

O caso mais preocupante é o de 105 pessoas que desenvolveram a chamada síndrome hemolítico-urêmica, ou HUS, apresentando danos renais e neurológicos severos (como falência dos rins e ataques epilépticos) considerados irreversíveis.

Um terço está em unidades de tratamento intensivo e total isolamento. Respiram com a ajuda de aparelhos ou estão em coma. Um segundo grupo, com diarreia sanguínea e outras complicações, tem condições de internamento tradicionais, com diálises e transfusões.

Um terceiro grupo está em casa e tem a evolução da doença monitorada diariamente. O monitoramento é essencial: Hamburgo teve o caso trágico do paciente liberado por uma clínica e que morreu dias depois, em casa.

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