
A capital argentina viveu um cenário de caos ontem, o segundo dia de greve dos metroviários, de colapso dos transportes coletivos e de uma série de protestos pela cidade. Categorias diferentes de trabalhadores protestam com piquetes no centro e nos acessos à cidade de Buenos Aires.
Operários das seis linhas de metrô e do chamado "premetro" (veículo leve sobre trilhos) deflagraram uma greve de 36 horas desde quarta-feira, para reivindicar aumentos salariais de 28% e segurança nas estações.
A paralisação prejudica cerca de 1 milhão de pessoas. O pano de fundo da paralisação é a disputa política entre a presidente Cristina Kirchner (FPV) e o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri (PRO).
O motivo visível da briga é a transferência da responsabilidade pelos serviços metroviários, da Administração Pública Federal para a Prefeitura de Buenos Aires. Macri, pré-candidato de oposição nas eleições presidenciais de 2015, não aceita a transferência e discute com o governo federal pela televisão. Os ministros, por sua vez, respondem pelo mesmo canal. E, no meio, a população que fica sem transporte.
"Nessa queda de braço, os únicos prejudicados e reféns somos nós, os trabalhadores, e os usuários de transportes públicos", disse o secretário adjunto do sindicato dos operários, Néstor Segovia. A operadora do metrô, Metrovias, manifestou "profunda preocupação com a complexa situação econômico-financeira que atravessa a empresa" e pede mais subsídios ao governo federal. As empresas de serviços públicos em geral afirmam que as tarifas estão defasadas e os subsídios estatais não chegam a cobrir os custos operacionais.
Redução
A Casa Rosada transferiu os serviços para a Prefeitura para reduzir os montantes destinados ao transporte. O governo de Macri acusa Cristina de querer "afogar" sua administração.
Na quarta-feira, em entrevista coletiva, os ministros de Planejamento, Julio de Vido, e de Trabalho, Carlos Tomada, e o secretário de Transportes, Alejandro Ramos, pediram a Macri e à Metrovias que "assumam" o serviço e não prejudiquem os usuários.
De Vido colocou em dúvida as dificuldades financeiras da Metrovias, controlada pelo Grupo Roggio, já que "ganharam 413 milhões pesos" (US$ 92,6 milhões).
No próprio dia de início do caos dos transportes, a Justiça argentina reabriu um processo contra Macri por supostas escutas ilegais no governo. O prefeito acusou a presidente pela reabertura da ação. "Isso é uma invenção do kirchnerismo", reclamou.



