
São Paulo O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez ontem uma visita-surpresa à província iraquiana de Anbar, onde admitiu que poderá reduzir o atual contingente dos EUA do Iraque de cerca de 150 mil soldados. A visita ao Iraque tinha como objetivo oficial colocar Bush em reunião com o comandante americano das tropas no país árabe, general David Petraeus, e o embaixador dos EUA no Iraque, Ryan Crocker.
Bush, que não deixou as dependências da base militar de Al Asad, recebeu também líderes tribais árabes sunitas, grupo étnico-religioso que domina a província de Anbar, e o premier iraquiano, Nouri al Maliki.
Embora assessores da Casa Branca tenham negado que o objetivo da visita fosse "publicitário, o fato é que o general Petraeus e o embaixador Crocker falam no próximo dia 11 ao Congresso dos EUA sobre os progressos políticos e de segurança no Iraque, e um relatório da Casa Branca sobre o mesmo assunto será apresentado aos parlamentares no dia 15.
Em vista disso, e também de olho nas eleições do ano que vem, figuras de peso do oposicionista Partido Democrata têm atacado justamente a falta de progressos no país do Oriente Médio. Além das reiteradas tentativas de forçar Bush a estabelecer um cronograma para a retirada das tropas americanas do Iraque, os democratas têm mais recentemente atacado o premier iraquiano, o xiita Nouri al Maliki, por não conseguir fazer caminhar um acordo de união nacional no país. Mesmo parlamentares republicanos, pensando nas eleições legislativas, têm procurado se afastar do calcanhar-de-aquiles de Bush, criticando a manutenção de tropas no Iraque.
Uma visita a Anbar, onde os EUA conseguiram apoio de tribos sunitas para combater a Al-Qaeda, serviria então para mostrar ao público interno entenda-se eleitores americanos e republicanos dissidentes que a presença no Iraque está surtindo efeito. Uma argumentação para a qual Bagdá não seria o cenário mais adequado, dado que a violência sectária na capital iraquiana tem se mantido em níveis elevados, apesar do aumento do número de soldados alocados pelos EUA na cidade desde o início do ano.
"(Petraeus e Crocker) me disseram que, se o tipo de sucesso que vemos aqui continuar, será possível manter o mesmo nível de segurança com menos soldados americanos, afirmou Bush após se reunir com o militar e o diplomata embora não tenha dado nenhuma informação adicional sobre essa eventual retirada.
"O Congresso não deve tirar conclusões apressadas até que o general e o embaixador apresentem seu relatório, disse ainda o presidente.
Segundo o jornal norte-americano The New York Times, espera-se que o general Petraeus sugira ao presidente que os cerca de 30 mil homens a mais enviados ao Iraque neste ano permaneçam lá até meados do ano que vem uma iniciativa que deve ter o apoio de Bush.



