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O presidente norte-americano, George W. Bush, manifestou nesta segunda-feira (11), em sua visita à Bulgária, a esperança de que seu colega russo, Vladimir Putin, reconheça os benefícios de cooperar no projeto antimísseis norte-americano na Europa, questão que dominará o próximo encontro dos dois dentro de um mês.

No último dia de sua viagem pelo continente europeu, Bush também afirmou que, além de Kosovo se tornar independente, é preciso oferecer à Sérvia a perspectiva de integração à Otan e à União Européia (UE) para que aceite abrir mão dessa província de origem albanesa, outra questão de discórdia entre Washington e Moscou.

"É preciso um processo no qual podemos cooperar, compartilhar a informação de maneira bem transparente, o que, creio, será benéfico", declarou Bush na coletiva de imprensa, referindo-se à Rússia, ao falar de sua proposta a Putin de reunir especialistas com o objetivo de examinar as opções para um escudo antimísseis que protegeria a Europa da ameaça balística de Estados como o Irã.

"Espero que os russos considerem essas reuniões benéficas", afirmou, ao lado do presidente búlgaro, Georgi Parvanov.

A proposta do grupo de especialistas, feita a Putin na quinta-feira, respondia à do presidente russo, que consiste em cooperar com o escudo, mas de acordo com suas condições.

O presidente americano voltará a tranqüilizar Putin sobre o objetivo de seu escudo quando o receber nos dias 1º e 2 de julho em sua residência familiar de Kennebunkport.

Este enfrentamento preocupa a Bulgária porque Washington não visa proteger este país com o escudo antimísseis.

A Bulgária é um dos novos aliados dos Estados Unidos na antiga zona soviética, um novo membro da Otan e da UE. Em seu território há bases americanas e os Estados Unidos prevêem reforçar sua presença militar.

Bush, que fez sua primeira visita à Bulgária, tentou tranqüilizar seus dirigentes explicando que Sófia terá o equipamento necessário para deter os mísseis de médio alcance.

A Rússia também discorda da idéia de independência da província sérvia de Kosovo, defendida por Washington. No domingo, na Albânia, Bush advertiu que se o processo não avançar, poderá ignorar as reticências da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, apesar de Moscou ter direito de veto nesta instância.

"Chegou o momento de avançar na questão de Kosovo. Os Estados Unidos acreditam que Kosovo deve ser independente", enfatizou.

Além disso, Bush afirmou apoiar os esforços da Bulgária para obter a libertação das enfermeiras búlgaras condenadas à morte na Líbia em um caso de contaminação de crianças com o vírus da Aids.

"Apoiamos firmemente a libertação das enfermeiras búlgaras. Devem ser libertadas e se deve permitir que retornem para suas famílias", disse o presidente americano.

Cinco enfermeiras búlgaras e um médico palestino foram condenados à morte na Líbia em 2004 depois que foram considerados culpados de inocular deliberadamente o vírus da Aids em 438 crianças líbias, das quais pelo menos 56 faleceram. A sentença foi confirmada em 2006.

Os acusados estão há mais de oito anos na prisão e se declaram inocentes.

Ainda na coletiva, Bush mencionou problemas internos de seu país e se declarou convencido de que o projeto de grande reforma das leis americanas de imigração não está morto, e afirmou que se envolverá pessoalmente para que o mesmo tenha êxito.

Nesta terça-feira, o presidente pretende comparecer ao Senado para liderar o reinício dos debates sobre esta reforma, que Bush deseja transformar no último grande ato de sua presidência.

O presidente americano, impopular tanto em seu país como em grande parte da Europa, quer estreitar os vínculos com países como a Bulgária, que participa nas missões do Iraque e do Afeganistão.

Reforma migratória

Bush falou também sobre questões da política interna dos Estados Unidos. Ele disse que, assim que retornar a Washington, irá pessoalmente ao Senado tentar revitalizar a reforma migratória, que, na sua opinião, ainda pode ser aprovada, apesar do recente revés sofrido nesta câmara.

O Congresso americano fica a cinco minutos de carro da Casa Branca, mas é raro que o presidente se aproxime dos gabinetes dos legisladores.

Por isso, a presença de Bush no Senado seria um claro sinal de que o chefe da Casa Branca está empenhado em aprovar a reforma migratória, o principal objetivo de política interna no segundo mandato.

Da Alemanha, o presidente americano conversou por telefone com alguns legisladores para discutir como revitalizar o projeto de lei, que sofreu um revés no Senado, no dia 7, por não conseguir apoio suficiente entre os republicanos para que a votação pudesse ocorrer.

"Estou frustrado pelo fato de o projeto ter sido bloqueado temporariamente", afirmou Bush. "É importante que solucionemos este tema agora", ressaltou o presidente.

"Acho que podemos fazê-lo, os membros dos dois partidos fizeram muitos progressos para conseguir um plano integral, que beneficia a nação", afirmou.

Este plano permitiria a legalização dos 12 milhões de imigrantes clandestinos que se calcula que morem nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que aumenta a fiscalização na fronteira com o México, entre outras medidas.

Bush disse que acredita que, apesar das dificuldades, a reforma migratória será aprovada.

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