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Um dia depois de receber da Assembléia Nacional da Venezuela superpoderes para governar o país, o presidente Hugo Chávez desdenhou nesta quinta-feira das críticas de Washington à radicalização do seu "discurso socialista" e classificou de incapaz o presidente americano, George W. Bush.

Chávez também anunciou que, a partir de 1º de maio, seu governo vai assumir o controle dos campos petrolíferos em operação na Faixa do Orinoco, atualmente em poder de multinacionais dos Estados Unidos, França, Noruega e Reino Unido, em associação com a estatal venezuelana PDVSA.

- (Os EUA) deviam é se preocupar com seu país. Mas, como repito, estou convencido de que o presidente dos Estados Unidos não tem capacidade alguma para governar nem uma equipe de beisebol infantil. Deveria renunciar - sentenciou Chávez, numa entrevista coletiva no palácio do governo.

Num novo episódio da guerra verbal entre os dois governos, Bush disse na quarta-feira estar preocupado com a nacionalização de empresas de serviços e ligadas ao setor petroleiro.

- Estou preocupado com o povo venezuelano, com a diminuição das instituições democráticas e com os esforços destinados à nacionalização que podem ou não estar ocorrendo - disse Bush, na quarta-feira, ao canal Fox News.

Ao promulgar nesta quinta a chamada "Lei Habilitante", que lhe concede poderes especiais para legislar por decreto durante 18 meses, o presidente venezuelano negou que a medida leve o país a uma ditadura, como afirmam seus opositores.

Chávez argumentou que a Constitução Bolivariana de 1999 prevê a possibilidade de outorgar poderes especiais ao presidente e também a realização de referendos para que a população anule as leis que considere inconvenientes. O governo americano afirmou que vai monitorar "de perto" o comportamento do líder venezuelano.

Chávez ainda se referiu às preocupações da Casa Branca como "ridículas" e ao presidente americano como "aquele cavalheirinho", "the little gentleman" e "farsante".

Chávez também lançou duros adjetivos ao chefe da inteligência americana, John Negroponte, que na opinião dele deveria ser julgado e condenado à prisão perpétua junto com Bush. Negroponte, indicado para o cargo de subsecretário de Estado, disse na terça-feira que Chávez "está ameaçando as democracias" na América Latina.

Em seu novo mandato, iniciado em dezembro, Chávez prometeu radicalizar sua "revolução socialista". Entre os planos do governo com a chamada "Lei Habilitante" estão os de nacionalizar a CANTV, maior empresa de telecomunicações do país, e a EDC, maior empresa de eletricidade. Ambas as estatizações afetam interesses econômicos dos EUA - respectivamente da telefônica Verizon e da elétrica AES.

Chávez, que acusa os EUA de querer derrubá-lo e até de pretender assassiná-lo, afirmou que Bush também pretende invadir o Irã.

- Isso seria, bem, uma loucura cem vezes maior que a loucura de invadir o Iraque - disse Chávez, que protesta contra a intervenção de Washington no país árabe e é um aliado próximo do iraniano Mahmoud Ahmadinejad, também inimigo jurado dos EUA.

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