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O governo do Canadá apresentou formalmente uma queixa contra os EUA perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) pela imposição de taxas alfandegárias de 25%, segundo confirmaram nesta quarta-feira (5) fontes da organização sediada em Genebra e da delegação canadense.
"A decisão americana não nos deixa outra escolha a não ser responder para proteger os interesses do Canadá", escreveu em sua conta do LinkedIn a embaixadora canadense na OMC, Nadia Theodore, horas depois que o primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou que o processo seria aberto.
"Este não foi o resultado que esperávamos e pedimos ao governo americano que reconsidere suas tarifas", acrescentou a embaixadora.
O processo do Canadá se junta ao que a China moveu há um mês na OMC contra os EUA, e ambos estão em fase de consulta, o que significa que, se as partes em disputa não chegarem a um acordo negociado bilateralmente dentro de 60 dias, o autor pode solicitar a formação de um painel de especialistas para resolver o litígio.
A decisão do painel pode levar meses ou até anos e, se uma das partes recorrer, esta irá para a última instância do sistema de solução de controvérsias da OMC, o Órgão de Apelação, paralisado desde o final de 2019 pela recusa dos EUA em concordar com a nomeação de novos juízes.
Se a falta de nomeações para esse órgão continuar, o conflito poderá entrar em um "limbo", no qual já se encontram cerca de 30 disputas comerciais entre diferentes economias na OMC, algumas delas referentes à guerra comercial anterior que o primeiro governo de Donald Trump (2017-2021) iniciou com a China.
Em retaliação às tarifas impostas pelos EUA, o Canadá também começou a aplicar tarifas de 25% sobre produtos americanos no valor de US$ 20,74 bilhões.
Em uma entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (4), Trudeau afirmou que Trump impôs tarifas ao Canadá para prejudicar sua economia e "facilitar a anexação" do país.
"O que ele disse repetidamente é que quer ver o colapso total da economia canadense porque assim será mais fácil nos anexar. Primeiro, isso nunca vai acontecer. Nunca seremos o 51º estado", disse o premiê na ocasião.
Conteúdo editado por: Isabella de Paula



