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Depois de quase três anos sem ver a família, o carpinteiro Inaldo Castro Silva, de 43 anos, sobrevivente do terremoto no Haiti, teve um encontro ainda mais emocionante com as irmãs na manhã desta segunda-feira (25), no Cosme Velho, Zona Sul do Rio.

"São e salvo, graças a Deus", desabafou, chorando, a irmã Graça.

As outras duas irmãs, Lucilene e Nilde, buscaram o carpinteiro, que mora no Haiti há mais de 15 anos, às 6h no aeroporto. Por volta das 10h, ainda estavam emocionadas.

"A gente ficou meio maluca com esse negócio todo que aconteceu, sem ter notícias durante três dias. Agora, é só emoção", disse Lucilene, que afirmou que a esperança de ver o irmão vivo sempre esteve presente. "Eu procurei não pensar no pior, não conseguia imaginar ele embaixo dos escombros, não consegui chorar porque alguma coisa lá no fundo dizia que ele estava bem".

A família é grande. No Rio, Inaldo ainda tem mais um irmão, que vai revê-lo ainda esta segunda. Os pais e mais quatro irmãos moram no Maranhão, cidade natal do carpinteiro.

Terremoto durou 15 segundos

Inaldo descreveu como foi o terremoto e disse que o que mais o impressionou foi o curto tempo em que ocorreu tamanha tragédia. Ele tinha acabado de chegar do trabalho e a esposa, Isa Maria, estava preparando a comida.

"Nos abraçamos, olhamos um para a cara do outro e as coisas balançado e tremendo o tempo todo, sem saber o que fazer. Ficamos os dois paralisados, só escutando o barulho das coisas caindo no apartamento."

Inaldo disse que também ouvia o grito das pessoas na rua. "A destruição foi tão rápida, eu fiquei imaginando: como é que pode a natureza acabar com uma cidade assim dentro de 15 segundos? É uma coisa incrível", disse.

De acordo com o carpinteiro, no local onde ele mora não houve tantas vítimas e o seu apartamento não foi destruído. Mas ele e a mulher tiveram que dormir duas noites no pátio e três dias após a tragédia conseguiram ir para a República Dominicana, onde vive a família de Isa Maria.

Inaldo não tem medo de voltar

Inaldo contou que não tem medo de voltar para Porto Príncipe, onde ele chefia uma equipe de carpinteiros em uma empresa. Seu contrato termina em março e, após o carnaval, período quando terminam as férias antecipadas, ele afirmou que vai voltar ao Haiti para retomar o trabalho, pois quer garantir seus benefícios na empresa.

"Não tenho medo. Fico com um pouco de temor, mas medo, não. Sou muito corajoso, tenho muita coragem", disse.

Inaldo contou ainda que já passou por um ciclone na República Dominicana, em 1998. Mas, para ele, o terremoto no Haiti foi pior. "O ciclone você está vendo e tem como se defender, mas esse não. O terremoto não avisa que está chegando".

O carpinteiro ainda vai ao Maranhão pra ficar com os pais e, segundo ele, "refletir sobre a vida". Ele disse também que se surgir uma proposta de emprego boa no Brasil ele volta a morar no país onde nasceu.

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