
O ex-presidente peruano Alberto Fujimori (19902000) sofreu um revés histórico nesta semana. Na terça-feira, Fujimori foi condenado pela Suprema Corte do Peru a 25 anos de prisão, por violações aos direitos humanos. Fujimori foi o primeiro presidente eleito democraticamente a ser condenado depois do mandato por violações aos direitos humanos em seu próprio país.
"Não há realmente precedentes desse tipo no continente para um ex-mandatário civil e isso é sumamente importante, porque pode servir de referência não só para a América Latina, mas para outras zonas do mundo, como Oriente Médio e África", aponta em entrevista por telefone o analista peruano Álvaro Vargas Llosa, diretor do Centro de Prosperidade Global do Independent Institute, um centro de estudos nos Estados Unidos.
Vargas Llosa ressalta a lisura com que foi conduzido o julgamento de 16 meses em que, segundo observadores internacionais, foi respeitado o devido processo legal e dada ampla possibilidade de defesa ao ex-presidente. "Não houve uma mancha política sobre o processo judicial."
Organizações como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch elogiaram a sentença. Fujimori, de 70 anos, foi condenado por autorizar a criação de um grupo paramilitar, o Colina, responsável por homicídios nos massacres de Barríos Altos (1991) e La Cantuta (1992). Também foi punido pelos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer, ambos em 1992, realizados pelo Exército. Ele disse que pretende recorrer da sentença.
O analista político Mirko Lauer, colunista do jornal peruano La República, de Lima, também acredita que o julgamento pode abrir um precedente, principalmente para ex-ditadores latino-americanos.
Ele lembra que já houve decisões importantes na região, como o próprio caso da extradição de Fujimori do Chile para o Peru e os julgamentos contra militares da ditadura argentina.



