Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Abusos

Católicos alemães pedem posição do papa sobre escândalos sexuais

Antes de se tornar papa Bento XVI recebeu um padre pedófilo em sua arquidiocese. Mais de 250 pessoas já teriam relatado abusos em escolas católicas na Alemanha

Políticos e ativistas católicos da Alemanha pediram na segunda-feira ao papa Bento XVI que se manifeste sobre escândalos sexuais do clero que chocaram o país e despertaram dúvidas sobre a forma como o próprio pontífice administrou a crise há 30 anos.

O papa bávaro não se pronunciou publicamente depois de discutir os escândalos na sexta-feira no Vaticano com o líder máximo dos católicos alemães, arcebispo Robert Zollitsch.

"O Santo Padre precisa dizer algo a respeito disso", afirmou Dirk Taenzler, diretor da Federação da Juventude Católica Alemã (BDKJ), ao jornal Berliner Zeitung.

"A Igreja precisa ser mais honesta e rígida consigo mesma, e isso naturalmente inclui o papa", declarou à TV ARD Wolfgang Thierse, vice-presidente do Parlamento Alemão e membro do Comitê Central dos Católicos.

Um prelado do Vaticano, arcebispo Rino Fisichella, disse que Bento XVI irá em breve falar "com voz clara e decidida, sem esconder nada". Em entrevista ao jornal milanês Corriere della Sera, Fisichella queixou-se de que "a raiva contra o pontífice é insana".

A imprensa alemã afirma que mais de 250 pessoas dizem ter sofrido abusos em escolas católicas nas últimas décadas. "É lamentável que o papa Bento 16 não ofereça quaisquer palavras de solidariedade às vítimas ou busque a reconciliação com elas", disse o movimento laico reformista Nós Somos a Igreja.

Um grupo secular foi ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, acusar o Vaticano de violar a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança e de atrasar em 13 anos um relatório sobre sua adesão às regras.

"Pedimos à Santa Sé (...) que abra seus arquivos e registros aos investigadores da Convenção dos Direitos da Criança e do Estado", disse Keith Porteous Wood, da Internacional Humanista e União Ética.

Os escândalos ameaçam envolver o papa porque em 1980, quando arcebispo de Munique, ele aceitou que sua arquidiocese recebesse um padre pedófilo do norte da Alemanha.

Sem o conhecimento dele, o padre foi rapidamente colocado para trabalhar com jovens em uma paróquia, e mais tarde abusou de outra criança. O ex-adjunto de Bento XVI na arquidiocese recentemente assumiu a responsabilidade pela transferência.

A notícia causou comoção na missa de domingo na estância hidromineral de Bad Toelz, na Baviera, onde um clérigo local foi identificado como sendo o padre em questão, segundo jornais de Munique. Ele foi suspenso de seu posto, anunciou a arquidiocese de Munique nesta segunda-feira.

Quando o caso foi citado indiretamente em um sermão, um paroquiano que dentro de algumas semanas teria seu casamento celebrado pelo padre começou a gritar contra todo o sigilo que cerca o caso. Alguns fiéis deixaram a igreja.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.