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Terrorismo

“Cérebro” do 11 de Setembro vai ser julgado em Nova Iorque

Secretário da Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, diz que o governo pedirá pena de morte para os envolvidos

Khalid Sheikh Mohammed, acusado de ter sido o mentor dos ataques do 11 de Setembro: governo dos Estados Unidos quer pena de morte | Reuters
Khalid Sheikh Mohammed, acusado de ter sido o mentor dos ataques do 11 de Setembro: governo dos Estados Unidos quer pena de morte (Foto: Reuters)

Washington - O autoproclamado "cérebro’’ do ataque de 11 de Setembro de 2001, o kuaitiano Khalid Sheikh Mohammed, será julgado num tribunal civil federal em Nova Iorque, cuja sede central fica a dez quarteirões de onde se en­­contravam as torres do World Trade Center, que ele disse ter ajudado a destruir, matando 2.602 pessoas.

A decisão de julgar nos EUA e numa corte civil tanto KSM – como ele é conhecido – como outros quatro suspeitos atualmente detidos na base militar de Guantánamo, em Cuba, faz parte de promessa feita por Barack Obama, de que fecharia a prisão após um ano de mandato. A ação foi anunciada ontem por seu secretário da Justiça, Eric Holder. Ele disse que o governo pedirá a pena de morte para os cinco, caso sejam considerados culpados.

Na mesma ocasião, Holder afirmou que outros cinco suspeitos detidos ali serão julgados naquela parte da ilha cubana sob controle dos Estados Unidos, numa versão modificada das comissões militares instituídas pelo republicano George W. Bush (2001-2009).

No segundo grupo está o saudita Abd al-Ra­­him al-Nashiri, suspeito de planejar o ataque ao destróier americano "Cole’’, que matou 17 marinheiros em outubro de 2000, no mar do Iê­­men.

Dessa maneira, como em bom número de suas ações mais importantes como presidente até agora, Obama fica no meio caminho da decisão histórica, agradando parte de sua base política e alienando outra.

O julgamento dos detidos em Guantánamo em cortes não militares é exigência antiga de entidades de direitos civis, que apontam para o fato de a maioria dos 215 hoje na base nem sequer saber do que é acusada.

Já a decisão de julgar um grupo de suspeitos nos tribunais mi­­litares é um retrocesso em relação ao começo de seu governo, quando ele anunciou que suspenderia tais instâncias – e serve para agradar os conservadores, que são contrários tanto ao fechamento de Guantánamo como ao envio de seus detidos para os EUA.

Segundo o governo, os casos julgados pelas comissões são mais sensíveis e tornariam pú­­ blicas informações importantes da inteligência americana caso fossem levados a tribunais civis. De acordo com entidades como a ACLU, a maior de direitos civis do país, no entanto, o que se te­­me expor são falhas e desmandos tanto no processo de prisão co­­mo de levantamento de provas.

Seguindo a lei americana, os detidos em Guantánamo só poderão ser levados ao país 45 dias após o anúncio de ontem, e esperarão seu julgamento numa penitenciária federal em Nova Iorque. A decisão sobre a localização do tribunal põe fim a uma disputa entre esse Estado e a Vir­­gínia, onde fica o Pentágono, outro alvo do 11 de Setembro, que queria a primazia.

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Os acusados

Os cinco envolvidos nos atentados do 11 de Setembro tinham ligação com a Al-Qaeda, segundo o Pentágono.

Khaled Sheikh Mohammed

Conhecido pela sigla KSM, as iniciais de seu nome em inglês, Mohammed, 44 anos, nasceu no Paquistão, mas foi criado no Kuait.

Ele foi educado nos Estados Unidos e dedicou sua vida à jihad ("guerra santa") contra os ocidentais. Segundo o Pentágono, ele declarou ter sido o maior artífice dos ataques coordenados contra os Estados Unidos, assim como de outros 30 atentados ou planos de ataques antes de ser capturado, em 2003.

Ramzi ben Al Shaiba

Al Shaiba, 37 anos, nasceu no Iêmen e morava em Hamburgo (Alemanha) com Mohammed Atta, líder do comando do 11 de Setembro. Ele foi treinado nos acampamentos da rede terrorista Al-Qaeda no Afeganistão. Segundo a acusação, ele devia participar da operação como um dos pilotos suicidas, mas não obteve um visto para os EUA.

O Pentágono acusa Al Shaiba de ter ajudado a encontrar escolas de pilotagem para os sequestradores nos EUA.

Ali Abd Al Aziz Ali

Sobrinho de Mohammed e primo de Ramzi Youssef, autor do atentado contra o World Trade Center em 1993, este paquistanês crescido no Kuait fez da luta contra os ocidentais uma tradição familiar. Também conhecido como Ammar al-Baluchi, tem cerca de 30 anos. Ele é acusado de ter participado da organização da logística da operação de 11 de setembro de 2001, incluindo a transferência de dinheiro para os grupos que operavam em solo americano.

Wallid ben Attash

Nascido na Arábia Saudita de uma família originária do Iêmen, ele é acusado de ter participado da busca de informações para os atentados. O governo norte-americano suspeita que Attash seja o principal mentor do atentado contra o destróier americano USS Cole, que matou 17 marinheiros americanos na costa do Iêmen em outubro de 2000. O Pentágono o acusa ainda de comandar um campo de treinamento de terroristas da Al-Qaeda.

Mustapha Al Hawsawi

Saudita, Hawsawi, 41 anos, é acusado de ter sido o financiador da Al-Qaeda ainda nos primeiros anos. Segundo a acusação, ele organizou e centralizou o financiamento de 11 de Setembro, principalmente enviando aos pilotos suicidas verbas para moradia, roupas ocidentais, cheques de viagem e cartões de crédito. Segundo os Estados Unidos, seu laptop continha arquivos sobre os relatórios de despesa dos militantes da Al-Qaeda e seus familiares.

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