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América Latina

Chávez elogia atuação da Odebrecht na Venezuela

Grande aliado do Equador, líder venezuelano diz que empreiteira brasileira sempre “se comportou muito bem” em seu país

Os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Lula e Rafael Correa (Equador), em encontro ontem, em Manaus | Ricardo Stuckert/Reuters
Os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Lula e Rafael Correa (Equador), em encontro ontem, em Manaus (Foto: Ricardo Stuckert/Reuters)

Manaus - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, surpreendeu e fez ontem, em Manaus, elogios ao comportamento da empreiteira brasileira Odebrecht em território venezuelano. Ao lado do presidente Luis Inácio Lula da Silva e também dos presidentes Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), Chávez lembrou que em 2002, quando houve uma tentativa de golpe de Estado na Venezuela, a Odebrecht manteve suas remessas de cimento para o país e não paralisou as obras de construção da segunda ponte sobre o Rio Orinoco.

Chávez fez questão de reconhecer publicamente que a construtora "se comportou muito bem na Venezuela" e que há "um elevado nível de confiança e transparência absoluta" nas relações entre o seu governo e a Odebrecht.

"É uma empresa amiga que, na Venezuela, tem se comportado extraordinariamente bem. Há pouco tempo, não tínhamos um tempo determinado para injetar recursos e a empresa disse: ‘não se preocupe, podem ir buscar e depois nos pagam’", declarou, citando que, naquele país, a construtora atua no metrô e em ferrovia, além de construção de pontes e túneis e conjuntos habitacionais.

Parceria

Em outubro do ano passado, a imprensa brasileira noticiou que a Odebrecht financiou um livro sobre Simón Bolívar – herói da independência da América hispânica e grande inspiração do presidente Chávez –, que seria distribuído pela Venezuela. A construtora patrocinou os primeiros 5 mil exemplares da coletânea de artigos escritos por Bolívar.

A declaração de Chávez ocorre num momento de tensão entre a Odebrecht e o Equador, grande aliado da Venezuela. Na semana passada, Correa baixou um decreto estabelecendo o seqüestro dos bens da empreiteira, a militarização dos canteiros de obras e impedindo a saída do país de quatro funcionários da empresa. O presidente do Equador exigia indenizações e reparos nas falhas da Central Hidrelétrica San Francisco.

Reunião com Lula

Ontem, após reunião privada com Lula para tratar da questão da Odebrecht em seu país, Correa afirmou, em entrevista à imprensa que, pelo menos por enquanto, manterá as medidas tomadas contra a construtora.

O presidente do Equador informou, no entanto, que tomará uma decisão a respeito nos próximos dias, com base em "novos elementos" que surgiram, como uma carta que teria sido enviada a ele pela empreiteira "quarta ou quinta-feira passada".

Segundo Correa, a empresa teria reconhecido todos os problemas com o Equador. "A Odebrecht está fora do país. Em princípio, não vamos revisar nada", afirmou Rafael Correa. Embora tenha recebido a carta em meados da semana passada, Correa disse não ter tido tempo de lê-la.

A informação causa estranheza, uma vez que a briga com a Odebrecht ajudou o equatoriano politicamente no referendo que ocorreu em seu país no último domingo, quando foi aprovada uma nova Constituição. "Não tivemos tempo de estudar o caso", disse ele.

Lula não falou sobre o resultado da reunião. Momentos antes do encontro com Correa, o presidente evitou responder a perguntas sobre a Odebrecht. Disse que estava disposto a ouvir o que seu colega equatoriano tinha a dizer. "Quero ouvir o presidente, fazer as minhas considerações, e eu não tenho dúvida nenhuma de que o Equador é um grande parceiro do Brasil. O Rafael Correa é um grande amigo do Brasil e o Brasil é amigo do Equador."

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