
Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, deve retornar a Cuba para dar prosseguimento ao tratamento contra o câncer, contrariando as expectativas de que ele viria ao Brasil para tratamento no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
O líder venezuelano solicitou à Assembleia Nacional a aprovação de permissão para ir a Cuba neste sábado para continuar o tratamento. Chávez fez um anúncio em frente do palácio Miraflores, após se despedir do presidente peruano, Ollanta Humala, com quem havia se reunido mais cedo.
A Constituição da Venezuela prevê que o presidente precisa de autorização oficial para ficar mais de cinco dias ausente do país.
Mais cedo ontem, o Hospital Sírio-Libanês de São Paulo havia informado que esperava a "confirmação do paciente" para iniciar o tratamento do câncer de Chávez. O tratamento no Sírio-Libanês foi abordado na quinta-feira em uma rápida e sigilosa visita a Brasília do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.
O governo brasileiro não confirmou a viagem relâmpago de Maduro mas, segundo a imprensa, o chanceler visitou a presidente Dilma Rousseff e se reuniu com o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Na quarta-feira, Chávez havia dito em Caracas que os médicos não descartavam que uma futura "terceira etapa" de seu tratamento seja radioterapia ou quimioterapia para "atacar forte" o que possa ter restado do câncer que foi operado recentemente em Cuba.
Prestes a completar 57 anos, o presidente venezuelano havia agradecido a Dilma na semana passada, por telefone, a oferta para se tratar no Brasil e comentou que "avaliaria" a oferta.
Popularidade
Chávez blindou sua doença o quanto pôde. Exagero ou não, a verdade é que sua popularidade aumentou entre os venezuelanos, como revela uma pesquisa divulgada ontem.
Segundo a sondagem do instituto GIS XII, se houvesse eleições hoje, 54% dos venezuelanos votariam em Chávez, um aumento de cinco pontos na comparação com maio. E, apesar de praticamente não ter estado na Venezuela durante o mês de junho, os entrevistados parecem ter visto uma melhora no governo: 55% aprovam sua gestão, contra 53% do mês anterior.
Chávez iniciou o tratamento de câncer em Cuba, onde passou por duas cirurgias. Uma delas, em suas palavras, foi para retirar um tumor do "tamanho de uma bola de beisebol".
Durante o período, recebeu autorização do Congresso venezuelano para despachar de Havana, o que indignou a oposição.
"A Venezuela era uma antes de 30 de junho e outra depois de 30 de junho (data em que Chávez, de Cuba, admitiu ter câncer). O tabuleiro de xadrez caiu e é preciso remontá-lo por completo", diz Jesse Chacón, diretor do instituto GIS XII e ex-ministro do Interior de Chávez.
Ainda de acordo com a pesquisa, feita entre 27 junho e 3 de julho com 2.500 venezuelanos, 68% dos venezuelanos rechaçaram a opinião expressada por alguns membros da oposição que questionaram a doença de Chávez e sugeriram se tratar de uma estratégia eleitoral a Venezuela realiza eleição presidencial em 2012.
Assim, 65% disseram que o presidente merece apoio em sua recuperação.



