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Assista à reportagem em vídeo| Foto: TV Globo

Caracas – Às 23h59 minutos deste domingo o governo venezuelano promete tirar do ar a rede de televisão de maior audiência do país. Com uma história de 54 anos, a Rádio Caracas de Televisão (RCTV) é a única emissora de alcance nacional que ainda fazia oposição aberta ao presidente Hugo Chávez, mas em dezembro o líder venezuelano anunciou que não iria renovar a concessão que permite à tevê transmitir por meio do canal 2. A decisão motivou críticas de organizações e países de diversas partes do mundo e, ao longo da semana passada, levou milhares de pessoas às ruas para protestar. Segundo o governo, ela faz parte de um projeto para "socializar o espectro radioeletrônico" e construir "novos valores" na sociedade.

"O fechamento da RCTV não será o fim da liberdade de expressão na Venezuela, mas limitará consideravelmente o espaço para o debate no país", diz Teodoro Petkoff, diretor do jornal Tal Cual e uma das figuras mais destacadas da oposição venezuelana.

As justificativas para fechar a tevê foram muitas. Primeiro, Chávez acusou os diretores da RCTV (em especial o executivo Marcel Granier) de ter protagonismo no golpe que lhe afastou do poder por cerca de 48 horas em 2002 – fato que, a bem da verdade, é admitido até por setores da oposição. Nesse aspecto, o que provocou críticas da comunidade internacional ao governo foi que a alegada participação no golpe deveria ter sido esclarecida na Justiça, não com um canetaço para fechar a tevê. O argumento seria a prova de que o motivo da decisão foi político.

Em seguida, o governo passou a acusar a emissora de evasão fiscal e, por fim, aderiu aos argumentos de cunho moralista – de que sua programação "deturpa" a mente dos venezuelanos com overdoses de pornografia, violência e consumismo. Esse problema, diz o ministro de Telecomunicações, Jesse Chacón, será resolvido com a substituição da RCTV pela Televisão Venezuelana Social (Teves), uma emissora de "serviço público".

Chávez garante que o novo veículo será independente, mas 100% do seu capital será aportado pelo Estado e 5 dos 7 integrantes de seu conselho diretor serão apontados pelo governo. Segundo Chacón, a nova emissora terá um leque de programas variados, que incluirá de notícias a novelas. "Mas serão novelas históricas, que discutam e ajudem a resolver os problemas da sociedade venezuelana", explicou o ministro.

A programação da RCTV, rede de maior audiência do país, é majoritariamente composta por humorísticos de gosto duvidoso, programas de auditórios, desenhos infantis, novelas latinas e séries (das americanas modernas a uma versão do Zorro de décadas atrás). Os noticiários e programas de opinião ficam limitados a dois horários: meio-dia e 23h30, quando de fato carregam nas críticas ao governo.

Além dessa emissora, se mantém na oposição o canal Globovisión, especializado em notícias, mas com alcance de sinal limitado à capital e seus arredores. A rede Venevisión, do magnata Gustavo Cisneros (que também é dono da Directv), no passado também foi acusada de golpista pelo presidente. Mas desde 2005 vem moderando suas críticas juntamente com a Televen, do grupo Camero.

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