O chavismo, força política que controla a Assembleia Nacional, o Parlamento da Venezuela, quer penalizar o deputado Bruno Gallo por ter feito uma declaração contundente nesta terça-feira (21) em defesa das mulheres iranianas.
A posição de Gallo ocorreu no momento em que os parlamentares venezuelanos discutiam a votação de um projeto para prestar solidariedade ao Irã pelo falecimento de Ebrahim Raisi, o presidente que morreu em um acidente de helicóptero no domingo (19).
Gallo, que se diz opositor, mas é tachado pelos principais dissidentes do chavismo como um dos parlamentes que apoiam o regime de Caracas, pediu para ter a palavra durante discussão do projeto e disse que, “do ponto de vista humano, lamentamos a morte de qualquer pessoa”, contudo, “neste momento eu gostaria de prestar uma homenagem solidária às mulheres que não cobrem a cabeça, às mulheres que não abaixam seu olhar, às mulheres que querem estudar, às mulheres que querem ser iguais” no Irã.
As palavras de Gallo foram consideradas pelo deputado chavista Jorge Rodríguez, que preside o Parlamento venezuelano, como “grosseiras, inoportunas, inadequadas” e “absolutamente desprovidas de solidariedade” para com o Irã, país que é um forte aliado da Venezuela.
Rodríguez pediu para que as palavras do deputado fossem retiradas da ata da sessão, mas não se limitou somente a isso, ele indicou que a o Parlamento “se reserva” o direito de aplicar “sanções correspondentes aos direitos de palavra” do deputado, com base nas normas do regulamento de debates da Assembleia. A medida foi vista como uma tentativa do chavismo de silenciar vozes dissonantes e controlar a narrativa dentro do órgão legislativo.
Sob o comando de Raisi, a repressão no Irã se intensificou contra críticos, ativistas e jornalistas, e especialmente contra mulheres que decidiram desafiar a obrigatoriedade do uso do véu. Em 2022, essa opressão desencadeou um dos maiores protestas contra o regime islâmico em anos, resultando em 500 mortos.
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