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Venezuela

Chavistas vencem, mas perdem maioria qualificada

Ambos os lados cantaram vitória em eleição legislativa, já que oposição ganhou em número absoluto de votos e governo fez mais deputados

Apoiador de Chávez ouve a apuração de votos par a Assembleia venezuelana: meta de manter maioria não foi alcançada | Jorge Silva/Reuters
Apoiador de Chávez ouve a apuração de votos par a Assembleia venezuelana: meta de manter maioria não foi alcançada (Foto: Jorge Silva/Reuters)
Saiba como foram as eleições |

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Saiba como foram as eleições

Caracas - A oposição na Venezuela impôs um revés ao presidente Hugo Chávez nas eleições legislativas de domingo. Com as 67 cadeiras obtidas nas urnas (65 da coalizão Mesa da Unidade mais 2 independentes), não só impediu que o go­­verno alcançasse a meta de assegurar dois terços dos 165 de­­pu­­tados como desferiu um golpe simbólico: somadas, as principais forças opositoras alcançaram 50,9% dos votos nacionais.

Mesmo assim, o chavista Par­­tido Socialista Unido da Vene­­zue­­la (PSUV) manteve folgada maioria na Assembleia Nacional que assume em janeiro, de 98 cadeiras. É o resultado da recente redistribuição de distritos, que privilegiou áreas rurais, em que o presidente é mais forte. "Os esquálidos [opositores] di­­zem que ganharam. Bom, que sigam ´ganhando´ assim", ironizou o presidente venezuelano no Twitter.

Mas o fato é que foi o próprio Chávez quem definiu que o triun­­fo nas legislativas seria obter man­­ter a maioria qualificada no Par­­lamento, necessária para apro­­var leis orgânicas, convocar Assem­­bleia Constituinte e revogar mandatos de magistrados do Judi­­ciá­­rio, por exemplo. E isso ele não conseguiu.

Aos chavistas da próxima As­­sembleia faltará um voto para che­­gar aos 99 que, pela Consti­­tuição, permitem conceder ao pre­­sidente a prerrogativa de legislar por decreto – a chamada lei habilitante. "Provamos que so­­mos maioria", disse Delsa Solór­­zano, eleita pela Mesa da Unidade (MUD), a diversa coalizão antichavista, pa­­ra o Parlatino. "O governo não tem legitimidade para impor seu projeto", argumenta.

A conta feita pela MUD é a seguinte: somados os 5,4 milhões de votos (48%) que conquistou com os 330.260 conseguidos pe­­los dissidentes do chavismo do PPT (Pátria para Todos), ou 2,91% do total, chegam a 50,91%.

Animada com esse desempenho, a oposição já pensa em quem irá escolher como candidato para ser capaz de enfrentar Hu­­go Chávez nas presidenciais de 2012. Foi o que afirmou Henrique Capriles, governador do estado de Miranda e um dos líderes da frente antichavista. "Precisamos cons­­truir um verdadeiro projeto so­­cial, não o socialismo de que Chávez fala, este é um país com uma desigualdade extrema, onde o principal problema é a pobreza", disse, em tom de campanha adiantada.

Suspense

O Conselho Nacional Eleitoral, dominado pelo chavismo, levou longas oito horas para divulgar os primeiros resultados da eleição, que teve alta participação: 66,4% do eleitorado.

A demora, provocada em princípio por atrasos em votações em dois estados, se arrastou levando a oposição a exigir a divulgação final dos resultados.

Já eram 2h da madrugada de ontem quando se soube que Chá­­vez tinha perdido a maioria qualificada. O presidente desistiu de aparecer aos apoiadores que se aglomeravam nos arredores do palácio presidencial. Mais tarde, convocou a imprensa para desafiar a oposição a convocar um referendo para revogar seu mandato antes de 2012.

Agora, o temor da oposição é que Chávez use os três meses que faltam de trabalho da atual As­­sem­­bleia – dominada pelo chavismo após o boicote da oposição às eleições parlamentares de 2005 – para aprovar leis orgânicas im­­portantes como a das co­­mu­­nas, pelas quais pretende redesenhar política e territorialmente o país.

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