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Morte em Londres

Chefe de polícia tentou barrar inquérito sobre morte de Jean Charles

Advogadas da família de Jean Charles pedem demissão do comissário, cuja situação é cada vez mais difícil

O comissário-chefe da Polícia Metropolitana de Londres, sir Ian Blair, tentou impedir a abertura imediata de uma investigação independente sobre a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um terrorista num erro trágico dos agentes britânicos. A informação, atribuída à Scotland Yard, é do jornal britânico "The Independent".

A advogada da família de Jean Charles, Harriet Wistrich, que se reuniu nesta quinta-feira com os investigadores independentes, pediu a demissão do comissário de polícia - e a situação dele é, de fato, considerada delicada. Documentos revelados nesta semana pela emissora de TV britânica ITV News desmontam a versão dada pela polícia britânica de que Jean Charles apresentava atitude suspeita, usava roupas que pudessem disfarçar uma bomba e correu quando abordado. Segundo os documentos, Jean Charles, que tinha 27 anos, foi executado, sem reagir, porque os agentes o identificaram erradamente como um dos homens que haviam tentado detonar bombas no metrô de Londres no dia anterior.

Segundo o "Independent", Ian Blair telefonou para o secretário permanente de Assuntos Internos, John Gieve, no dia da morte do jovem eletricista mineiro (22 de julho), para ter certeza de que a investigação da polícia, relacionada a terrorismo, tivesse prevalência sobre qualquer inquérito da Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês).

Segundo a Scotland Yard, a carta de Blair era para "esclarecer o papel da IPCC se, como parecia no momento, o tiroteio na estação de metrô de Stockwell envolvesse um homem-bomba implicado nos incidentes do dia anterior".

Mais tarde, no mesmo dia, a Polícia Metropolitana concordou em abrir espaço para a investigação independente.

- Sir Ian Blair deveria renunciar. As mentiras que parecem ter sido ditar, como a declaração dele (imediatamente posterior ao tiroteio), são claramente erradas. E ninguém interferiu para corrigir as mentiras - disseHarriet Wistrich.

Momentos depois da morte de Jean Charles, Ian Blair veio a público dizer que o incidente, de que ainda não haviam emergido detalhes, estava diretamente relacionado aos atentados frustrados do dia anterior.

Gareth Peirce, outra advogada da família, disse que é preciso um inquérito rápido. As duas advogadas acusaram Blair de atrasar o inquérito.

- Houve uma bagunça caótica e pedimos à IPCC que descubra quanto disso é incompetência e negligência, incluindo negligência grosseira, e quanto disso pode ser algo mais sinistro - disse Pierce.

À BBC, o ex-ministro de Gabinete Frank Dobson disse que a posição de Blair "é muito difícil", porque ele foi parcialmente responsável por enganar as pessoas, entre elas o primeiro-ministro Tony Blair.

- A população e todo mundo foi enganado pela polícia, que não corrigiu a história que primeiro apareceu - disse Dobson.

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