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A China acusou os Estados Unidos de terem "acelerado o avanço em direção a uma perigosa situação de guerra" no Estreito de Taiwan, depois que o presidente americano, Donald Trump, sancionou a Lei de Autorização de Defesa Nacional para 2026, que inclui uma ampliação das vendas de armamento a Taipei.
O porta-voz militar Zhang Xiaogang declarou na quinta-feira (25), na coletiva de imprensa mensal do Ministério da Defesa chinês, que o conteúdo da normativa americana relacionada a Taiwan "interfere de forma flagrante nos assuntos internos da China" e "envia sinais gravemente errôneos" às forças favoráveis à independência na ilha.
Segundo o porta-voz chinês, Washington "descumpriu seus compromissos" e "intensificou" as vendas de armas a Taiwan, uma dinâmica que, em sua avaliação, "acelera o avanço em direção a uma perigosa situação de guerra" e "prejudica gravemente" a paz e a estabilidade no Estreito.
Zhang afirmou que os Estados Unidos "estão utilizando Taiwan como ferramenta para conter a China" e que essa estratégia "não terá sucesso".
"A tentativa de usar Taiwan para frear a China está condenada ao fracasso, e buscar a independência mediante a força conduz à autodestruição", disse o porta-voz, ao mesmo tempo em que criticou as autoridades da ilha por, segundo disse, "ignorarem os interesses e a segurança" dos cidadãos.
"Os Estados Unidos devem agir com a máxima prudência nos assuntos relacionados a Taiwan e adotar medidas concretas para salvaguardar a estabilidade das relações bilaterais e dos vínculos entre ambos os Exércitos", acrescentou.
As declarações ocorrem em um contexto de fricção crescente entre Pequim e Washington por Taiwan, em um momento no qual os Estados Unidos reforçaram seu apoio político e militar a Taipei.
Embora Washington não mantenha relações diplomáticas formais com a ilha, continua sendo seu principal fornecedor de armas e mantém uma política de ambiguidade estratégica sobre uma eventual intervenção em caso de conflito.
A ditadura da China considera Taiwan uma "parte inalienável" de seu território e não descarta o uso da força para alcançar a "reunificação", enquanto o governo de Taipei rejeita esta postura e sustenta que apenas os habitantes da ilha podem decidir seu futuro político.
China anuncia sanções a 20 empresas de Defesa dos EUA
A China anunciou nesta sexta-feira (26) sanções contra 20 empresas dos Estados Unidos relacionadas ao setor de Defesa e contra dez de seus executivos por "participar do fornecimento de armas a Taiwan durante os últimos anos".
Em comunicado publicado em seu site oficial, o Ministério das Relações Exteriores chinês confirmou sanções vigentes a partir de hoje contra empresas americanas como Boeing, Northrop Grumman Systems, L3Harris e VSE.
A chancelaria chinesa advertiu em outro texto que "a questão de Taiwan é o cerne dos interesses fundamentais da China e a primeira linha vermelha que não deve ser cruzada" nas relações entre Pequim e Washington.
Segundo o anúncio, as medidas são adotadas com base na Lei de Sanções Estrangeiras da China e afetam tanto companhias consideradas envolvidas em vendas de armamento ou serviços militares a Taiwan quanto executivos aos quais Pequim atribui responsabilidade direta nessas operações.
As sanções incluem, entre outras disposições, a proibição de realizar novos investimentos na China, restrições à cooperação com entidades chinesas e o congelamento de ativos que possam estar sob jurisdição do país asiático.




