A publicação de documentos do “Panama Papers”, revelando transações financeiras de pessoas ligadas a líderes políticos e relacionadas a empresas offshore, gerou uma onda de censura na China.
‘Panamá Papers’ inclui empresa ligada à programa nuclear norte-coreano
Leia a matéria completaReportagens e postagens em redes sociais citando o envolvimento de chineses no escândalo revelado por uma coalizão internacional de jornalistas foram deletadas da rede ou bloqueadas. Segundo observadores ocidentais da mídia chinesa, o governo chegou a proibir novas menções ao caso.
Uma reportagem da rede britânica BBC revelou que centenas de postagens citando o “Panama Papers” em redes sociais chinesas foram deletadas horas depois da divulgação do escândalo. Menções aos documentos da offshore Mossack Fonseca no Baidu, no Sina Weibo e no WeChat foram apagadas logo após a publicação.
A BBC informou ainda que a imprensa oficial chinesa ignorou as menções a pessoas do país no vazamento, mas que o tema apareceu em blogs e redes sociais, traduzido das denúncias em outros idiomas. Pelo menos 481 tópicos discutindo o tema em chinês foram deletados ao longo do dia.
O vazamento de documentos sobre dinheiro escondido no exterior menciona familiares de pelo menos oito membros atuais ou passados do Partido Comunista Chinês. Entre os citados está um cunhado do presidente Xi Jinping, Deng Jiagui. Ele teria adquirido duas empresas offshore em 2009. O caso se torna ainda mais relevante porque Xi Jinping lidera desde 2012 um trabalho de combate à corrupção que já levou à prisão centenas de funcionários públicos do país.
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Leia a matéria completaO site norte-americano China Digital Times, que monitora a imprensa chinesa, transcreveu um comunicado oficial em que o governo chinês dá instruções sobre censura às notícias e menções ao caso.
“Encontrar e deletar republicações e reportagens sobre o ‘Panama Papers’. Não dar continuação a conteúdo relacionado. Se material da imprensa estrangeira atacando a China for encontrado em qualquer site, ele será tratado com severidade”, diz um dos comunicados. Um outro pede que uma reportagem sobre o tema seja despublicada de um site de jornalismo.
O China Daily Times registrou o bloqueio em redes sociais de qualquer menção a postagens sobre o Panamá associada a offshores ou ao nome de qualquer um dos chineses citados pelo vazamento. “Há sinais de uma censura mais sutil de que de costume”, diz, alegando que a busca por alguns termos não apresenta resultados relevantes ao escândalo.
Segundo a revista de política internacional Foreign Policy o governo chinês trabalha com estrutura preparada para trabalhar com ampla censura de qualquer informação que possa manchar a reputação dos líderes chineses. A reportagem alega que o bloqueio costuma ser rápido, mas acaba sendo ineficaz no longo prazo, já que as informações acabam conseguindo vazar na internet.
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