Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Fim de influência

China critica venda de portos do Canal do Panamá para empresa americana

China critica venda de portos do Canal do Panamá para empresa americana
O ditador chinês, Xi Jinping (Foto: Andressa Anholete / EFE)

Ouça este conteúdo

O regime comunista da China condenou a venda de portos estratégicos no Canal do Panamá para um grupo de investidores liderado pela gigante americana BlackRock, alegando que a transação ameaça sua influência sobre rotas comerciais globais. A negociação, no valor de US$ 19 bilhões, envolve a venda de instalações administradas pela empresa CK Hutchison, de Hong Kong.

De acordo com o New York Times, o regime chinês, que antes minimizava as preocupações dos Estados Unidos sobre sua presença no Panamá, agora adota um tom alarmista. O jornal Ta Kung Pao, controlado pelo Partido Comunista da China (PCCh), publicou um editorial criticando o negócio e alertando que os portos do Canal do Panamá são "a rota central para o comércio da China com a América Latina e o Caribe". A publicação afirmou que o acordo resultaria no uso dos portos por Washington "para promover sua própria agenda política", prejudicando a presença comercial chinesa na região.

O texto também acusou a CK Hutchison de agir de forma "lucrativa e injusta" e afirmou que a venda dos portos "vende todos os chineses", em um apelo nacionalista para pressionar a empresa a reconsiderar o negócio. Segundo o New York Times, o editorial foi rapidamente compartilhado pelo próprio regime chinês, demonstrando a relevância do tema para a liderança do país.

A CK Hutchison, controlada pelo bilionário de Hong Kong Li Ka-shing, não comentou as críticas de Pequim. O empresário, conhecido por sua estratégia de investimentos, tem uma relação cada vez mais distante de Pequim desde a chegada do ditador Xi Jinping ao poder. Em anos recentes, ele vendeu parte de seus ativos imobiliários na China e realocou recursos na Europa, decisão que foi criticada por nacionalistas chineses, mas que se provou financeiramente acertada diante da crise no setor imobiliário do país.

A relação conturbada entre Li Ka-shing e Xi Jinping remonta a décadas. O New York Times relembra que, nos anos 1990, quando Xi era um alto funcionário na cidade de Fuzhou, ele barrou um projeto do bilionário para construir arranha-céus em uma área histórica. Mais recentemente, durante os protestos pró-democracia em Hong Kong em 2019, Li foi alvo de críticas de aliados do regime por declarações que foram interpretadas como favoráveis aos manifestantes.

A venda dos portos no Canal do Panamá ocorre em um momento de crescente tensão entre China e Estados Unidos. O governo do presidente Donald Trump, que já havia alertado sobre a presença chinesa na região, demonstrou apoio à transação.

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.