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China culpa países ricos por impasse nas negociações climáticas | Reuters
China culpa países ricos por impasse nas negociações climáticas| Foto: Reuters

A China afirmou que os países ricos precisam comprometer-se com reduções maiores nas emissões dos gases estufa e alertou sobre a perda de confiança nas negociações para um novo pacto climático, enquanto os países ricos acusam Pequim de prejudicar os avanços.

As desavenças manifestadas nesta sexta-feira (8) sobre o futuro de um tratado crucial da ONU sobre o combate às mudanças climáticas, o Protocolo de Kyoto, diluem as esperanças de que as negociações conduzidas na cidade chinesa de Tianjin possam firmar uma base para um pacto climático novo e compulsório em 2011.

As negociações, que durarão uma semana, terminam no sábado e são as últimas antes de uma reunião de líderes mundiais em Cancún, no México, em menos de dois meses.

A primeira fase de Kyoto termina em 2012, e o que acontecerá depois disso está em disputa. Países ricos e pobres discordam sobre se Kyoto deve ser estendido ou substituído por um novo tratado que abranja todos os grandes países poluidores.

Em uma reunião de centenas de negociadores e na qual o ambiente foi, em alguns momentos, de conflito, Huang Huikang, o representante especial da China para as negociações sobre as mudanças climáticas, disse que os negociadores estão perdendo a confiança uns nos outros.

As Nações Unidas temem que as negociações cheguem a um impasse, gerando um período de brecha na aplicação de medidas a partir de 2013, o que poderia frear o mercado de carbono de US$ 20,6 bilhões criado pelo Protocolo de Kyoto.

Pequim quer manter Kyoto e sua divisão clara entre os deveres das economias ricas e das mais pobres, incluindo a China.

Washington e outros países ricos querem um novo pacto que reflita o aumento das emissões do mundo em desenvolvido, que hoje representam mais de metade da poluição global por gases estufa.

E a China quer que os países desenvolvidos ofereçam cortes muito maiores em suas emissões de carbono antes que as economias emergentes também mudem suas posições.

"A questão chave agora é a ausência de qualquer avanço substancial por parte dos países desenvolvidos", disse Huang a repórteres. "Se os países do Anexo 1 liderarem no processo de mitigação, suponho que os países em desenvolvimento farão sua parte."

O tratado de Kyoto obriga 37 países ricos, ou do Anexo 1, a alcançar metas quantificadas de reduções de emissões, também chamadas de metas de mitigação. Pelo tratado, os países em desenvolvimento também devem tomar medidas voluntárias para frear o aumento de suas emissões.

A chefe climática da União Europeia, Connie Hedegaard, exortou os negociadores em Tianjin a "assumirem posições conciliadoras nas próximas 24 horas."

A China é a maior emissora mundial de gases estufa, tendo ultrapassado os Estados Unidos, mas seu índice de emissões per capita ainda é bem mais baixo que os níveis ocidentais.

As discussões em Tianjin também revelaram até que ponto as negociações tortuosas são sujeitas a pressões de procedimentos.

Vários delegados disseram que a China, apoiada pelo Brasil, se opõe à abertura de uma discussão mais ampla das questões legais suscitadas pela inserção de novos números em um tratado de Kyoto estendido após 2012.

"China e Brasil acreditam que não faz sentido começar a discutir essas questões legais enquanto não há clareza sobre os números (a meta de emissões)", disse Wendel Trio, especialista do Greenpeace para mudanças climáticas.

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