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Presidente da China, Xi Jinping, vem ganhando força no cenário internacional | Qilai Shen/Bloomberg
Presidente da China, Xi Jinping, vem ganhando força no cenário internacional| Foto: Qilai Shen/Bloomberg

Neste ano, o Partido Comunista Chinês realizou uma eleição no Grande Salão do Povo, em Pequim, na qual Xi Jinping foi escolhido como “presidente perpétuo”. Foram 2.958 votos a favor e seis contra. Com esta votação, eles proclamaram que a China está fazendo com que se torne real o seu rejuvenescimento nacional e sua grande estratégia para restaurar seu império. Este movimento se soma à crescente evidência das ambições econômicas e militares chinesas. 

“Não existe oposição na China comunista. É a primeira coisa a ser entendida. Eles chamam isto de eleição, mas, na realidade, é uma coroação”, diz Stefan Halper, professor da Universidade de Cambridge. 

Pat Mulloy, um integrante do comitê bipartidário sobre a China, diz: “Estamos voltando a um período em que os chineses tinham muito medo de voltar a entrar, de ter como governante um imperador permanente. Acredito que isto chamou a atenção de muitos no Ocidente, que acreditavam que a China não voltaria a este rumo, ao qual se afastaram explicitamente depois das brutalidades do governo de Mao Tse-tung.” 

Repressão crescente 

E, assim como Mao, o governo de Xi parece estar acumulando mais poder ao invés de melhorar as condições de vida de sua própria gente. De fato, os chineses estão ampliando a vigilância do público no estilo da Alemanha Oriental, por meio de “pontuações de crédito social”. 

“Apenas em Pequim há cerca de 40 mil policiais fiscalizando a internet. São pessoas que monitoram a internet, o que as pessoas estão fazendo e dizendo”, disse Halper. 

“As pessoas tem câmeras em suas casas e, é claro, nas ruas. Elas são monitoradas 24 horas por dia, sete dias na semana. E se você comete uma infração, como cruzar a rua no lugar errado, isto é percebido”, diz o professor. “E se você tiver muitas infrações, começa a perder certos privilégios e liberdades.” 

Segundo Halper, é 1984 em grande escala. 

Ambições econômicas gigantescas 

Enquanto reprime a sua população, a China está ocupada usando o dinheiro que os Estados Unidos injeta em sua economia, por meio de um relacionamento econômico desigual, para construir sua influência em toda a região e no mundo. 

Uma grande parte deste desafio é o programa conhecido em inglês como One Belt, One Road, que Halper classifica como sendo 50 vezes maior que o Plano Marshall, que envolveu a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial. 

“É um conceito que Xi Jinping está fazendo avançar e permitirá ligar a China com a Índia, o Oriente Médio, o Sul da Ásia e a Europa e irá facilitar a circulação de mercadorias chinesas por rodovias e ferrovias em direção à Europa. Ela envolve a construção de rodovias e ferrovias e requer que a China tenha relações econômicas com países no Oriente Médio e no Sul da Ásia”, destaca Halper.

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A política agressiva da China deixa as empresas e outros países sentindo um grande desconforto, porém o poder e o dinheiro de Pequim os deixam com poucas opções práticas. 

“Esta relação econômica desequilibrada que os Estados Unidos tem com a China está permitindo que ela expanda sua influência politica, por meio de projetos como este, e econômica, e também lhes permite fortalecer militarmente”, disse Mulloy. “Porque quando se transfere tecnologia e capacidade industrial a teu rival, por conta própria, eles podem, então, injetar dinheiro em suas capacidades militares. A China está fazendo exatamente isso.” 

Agressão territorial e ao direito internacional 

Nos mares, a China vem desenvolvendo o Caminho da Seda Marítimo, que tem por objetivo ligar portos em toda a Ásia e além, em um esforço para dar maior autonomia ao comércio chinês. 

A política agressiva da China nos mares vai muito além, incluindo a reivindicação de uma área com mais de 250 mil quilômetros quadrados no Mar da China Meridional. As Nações Unidas se manifestaram contrariamente às reivindicações chinesas, mas foram ignoradas. “É uma das violações mais flagrantes e ultrajantes do direito internacional”, afirmou Halper. 

Os chineses dizem que encontraram restos de cerâmica antiga nestes lugares, o que, segundo eles, provaria um direito histórico a essa região. “Se isso fosse verdade, os Estados Unidos poderiam reivindicar o Golfo do México e a França, o Oceano Atlântico.” 

O chamado para o despertar 

Os Estados Unidos e o resto do mundo têm dormido ou foram cúmplices felizes do aumento do poder chinês nos últimos 40 anos. Acreditou-se que se a China se inserisse no sistema de comércio internacional ela se tornaria mais liberal, mais democrática. Também acreditou-se que a internet contribuiria para torna-la mais liberal e aberta. 

Entretanto, isto não aconteceu. Ao contrário, a China tem um novo imperador, que está empenhado em converter-se em uma figura dominante no cenário internacional e se sente cômodo, pisoteando os direitos dos países e de seu próprio povo. 

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E com Xi retendo o poder indefinidamente, muitos líderes mundiais estão começando a prestar séria atenção ao “monstro” que está em crescimento e que falharam em reconhecer e enfrentar. 

Perceba a palavra: sério. 

Nos Estados Unidos, a palavra séria nem sequer começa a descrever a mídia e a classe política. Ao contrário, eles se enfurecem pela débil tentativa da Rússia em se intrometer nas eleições americanas e o caso Stormy Daniels. Seria divertido se não fosse trágico. É hora de encarar esse assunto com mais seriedade.

* Bill Walton é curador da The Heritage Foundation
©2018 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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