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Em Pequim, mães passeiam com seus filhos: controle de nascimentos no país gera ameaças sociais | Liu Ji/AFP
Em Pequim, mães passeiam com seus filhos: controle de nascimentos no país gera ameaças sociais| Foto: Liu Ji/AFP

População mundial chegará a 7 bilhões até o fim deste mês

A população mundial deve chegar a 7 bilhões de habitantes no próximo dia 31 de outubro, de acordo com informações da Or­­ganização das Nações Unidas (ONU). Em 2050, poderemos chegar a 9,3 bilhões de pessoas.

Segundo especialistas, apenas uma revolução no uso dos recursos naturais pode evitar um cataclisma ambiental. Nos idos de 1798, Thomas Malthus já tinha feito a previsão sombria de que nossa capacidade reprodutiva rapidamente superaria nossa habilidade de produzir comida, provocando fome em massa e o extermínio de espécies. Mas a revolução industrial e seu im­­pacto na agricultura provaram que Malthus e seus seguidores estavam errados, mesmo que os números tenham superado suas expectativas.

"Apesar das previsões alarmistas, os aumentos históricos da população não foram economicamente catastróficos", ob­­servou David Bloom, professor do Departamento de Saúde Glo­­bal e População da Universidade de Harvard.

No entanto, hoje parece ra­­zoável perguntar se Mal­­thus não estaria simplesmente alguns sé­­culos à frente.

Consumo exagerado

À medida que nossa espécie se expandiu, foi consumindo as riquezas do planeta, da água do­­ce aos recursos minerais, das florestas ao pescado. No ritmo atual, a humanidade precisará em 2030 de uma segunda Terra para atender seu apetite e absorver seus rejeitos, informou no mês passado a Global Footprint Net­­work (GFN), organização que calcula a chamada "pegada ecológica", ou seja, a quantidade de re­­cursos usados por pessoas ou organizações para atender às suas necessidades, segundo padrões de consumo e descarte.

Além disso, a prosperidade da nossa civilização, movida a carvão, petróleo e gás emite gases de efeito estufa que alteram o clima e tem o potencial de destruir os ecossistemas que nos alimentam. "Da carestia dos alimentos aos efeitos perversos das mudanças climáticas, nossas economias enfrentam hoje a realidade de anos de gastos além das nossas possibilidades", afirma o presidente da GFN, Mathis Wacker­­nagel.

AFP

A política do filho único impediu o nascimento de quase 500 milhões de chineses, mas se trans­­formou em uma bomba-relógio, já que o envelhecimento da po­­pulação na China criará enormes problemas econômicos e sociais no país mais populoso do mundo. Se não tivesse aplicado a limitação de nascimentos, medida que não foi adotada em nenhum lu­­gar do mundo com tal rigor, a China teria hoje cerca de 1,9 bi­­lhão de habitantes e não teria ca­­pacidade para alimentar tanta gente. Atual­­men­­te o país tem 1,34 bi­­lhão de pessoas.

Desde 1979, a política do filho único fez a taxa de fecundidade cair para cerca de um filho e meio por mulher chinesa, mas, da me­­trópole aos povos isolados, essa queda ocorreu de maneira acelerada, com esterilizações em massa, abortos até os oito meses de gravidez, "feminicídios" (assassinatos de meninas para priorizar o filho homem) e grande abandono de bebês do sexo feminino. Os casais rebeldes podem ser multados com vários anos de salários, com a anulação do acesso aos serviços sociais e por vezes podem ser presos.

As "crianças negras" (nascidas na ilegalidade) não têm nenhum reconhecimento legal.

A China é o único país em de­­senvolvimento que enfrenta o paradoxo de ser um país com po­­pulação majoritariamente idosa antes de ser um país rico. Na Chi­­na, a crise do envelhecimento é "incomparavelmente mais rápida" que na Europa, onde "a fecundidade caiu, assim como a mortalidade, muito gradualmente em um século", diz o demógrafo Christophe Guilmoto.

Nos próximos cinco anos, os que têm mais de 60 anos passarão de 170 milhões e podem chegar a 221 milhões.

Os idosos vão representar 16% da população (contra 13,3%). Em meados do século, os habitantes com mais de 65 anos representarão 2 5% da população chinesa, considera a Comissão da Popula­ção e Planejamento familiar, contra apenas 9% atualmente.

A China já sofre com uma falta de infraestruturas médicas, lares para idosos e funcionários de saúde qualificados. Para 2015, quer duplicar a quantidade de camas nos institutos especializados, para alcançar seis milhões. Mas seis milhões é a quantidade de camas que faltam atualmente. O país apenas começa a montar um sistema de segurança social e aposentadoria para todos. Esta crise é "brutal de um ponto de vista econômico pela ausência de aposentadorias", explicou Guil­­moto.

"O direito a se reproduzir é um direito humano", afirma He Ya­­fu, demógrafo chinês. Mas, "in­­­clusive se a China flexibilizar (as regras do filho único), não acredito que muitos casais queiram uma grande quantidade de filhos".

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