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Simpatizantes do Partido Democrático Progressista e da cancidata à Presidência Tsai Ing-wen, acenam ao lado de imagem caricaturizada da candidata e da inscrição "A primeira mulher presidente do Taiwan", nas ruas de Taipei | REUTERS/Pichi Chuang
Simpatizantes do Partido Democrático Progressista e da cancidata à Presidência Tsai Ing-wen, acenam ao lado de imagem caricaturizada da candidata e da inscrição "A primeira mulher presidente do Taiwan", nas ruas de Taipei| Foto: REUTERS/Pichi Chuang

Milhares de chineses viajaram para Taiwan ávidos - e deslumbrados - por verem como funciona a democracia na ilha, que realizará eleições presidências e parlamentares no fim de semana.

China e Taiwan são inimigos há mais de 60 anos, quando os nacionalistas chineses, derrotados pelos comunistas na guerra civil, se refugiaram na ilha. O governo chinês ainda hoje considera Taiwan uma "província rebelde", e não descarta o uso da força para reintegrá-la.

Embora as divergências persistam, China e Taiwan estão em fase de reaproximação e milhões de viajantes cruzam o estreito de Taiwan anualmente em ambas as direções.

Na sexta-feira, apesar do vento e da garoa, centenas de chineses do continente visitavam as principais atrações turísticas de Taipé - o edifício Taipei 101, segundo mais alto do mundo, com 508 metros de altura, e o memorial em homenagem ao líder nacionalista Sun Yat-sen, que derrubou a monarquia no começo do século 20 e é visto como o fundador da China moderna.

Mas, para muitos chineses, o principal objetivo da visita é ver pela primeira vez uma eleição livre.

"Parece extremo demais por aqui, essa campanha é algo que nunca seria permitido na China", disse Wang Liping, 42 anos, oriundo de Chongqing (China central), vendo a névoa que cercava o mirante no topo do Taipei 101.

"O jeito chinês é melhor, pois os novos líderes são selecionados por sua experiência, de forma sistemática (...). Não acho uma boa ideia eleger alguém que não tenha experiência, só porque tem mais votos", afirmou.

A inflamada campanha eleitoral de Taiwan é transmitida ao vivo por vários canais de TV ao longo do dia, com uma minuciosa cobertura de cada promessa, cada comício e cada carreata. As pesquisas presidenciais mostram uma acirrada disputa entre Ma Ying-jeou, do Partido Nacionalista (governista), e Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista.

"É ótimo ter democracia, mas desperdiça muito tempo e recursos", disse outro turista, da província de Jiangsu (leste da China). Refletindo o habitual nervosismo dos chineses continentais ao falar de democracia e política, ele se identificou só pelo sobrenome, Wu.

"A democracia da China é diferente da de Taiwan", disse Wu, que passeava com dois amigos, carregando sacolas de compras pelo shopping que fica abaixo do Taipei 101. "A democracia de Taiwan é barulhenta e explícita, mas a da China é mais sutil e discreta. O estilo é diferente. Vocês vestem terno, nós vestimos jeans."

Muitos chineses continentais se recusam a falar sobre a eleição. Um deles começou a discorrer sobre o assunto, mas foi puxado pela mulher.

O interesse dos chineses pelo assunto contrasta com a irritação do governo da China com a primeira eleição presidencial direta em Taiwan, ocorrida em 1996, e vista pelo regime comunista como uma declaração de independência da ilha. Na época, a China chegou a disparar mísseis nas águas próximas a Taiwan.

Agora, os dois lados estão mais interessados na cooperação econômica. Ironicamente, os nacionalistas - derrotados na guerra civil em 1949 - são considerados mais próximos do governo de Pequim do que o PDP, visto com desconfiança pela China continental devido à posição independentista que adotou no passado.

"Torço para que Ma vença amanhã", disse Li Jinhui, da província de Liaoning (nordeste da China), assistindo à troca da guarda em frente a uma gigantesca estátua de Sun Yat-sen.

Ele riu da inimizade histórica entre ambos os lados. "O governo nacionalista e o Partido Comunista são a mesma coisa agora, são ambos chineses. O passado não importa."

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