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Cerca de cem insurgentes morreram na última semana nas zonas tribais de Orakzai e Khyber, no noroeste do Paquistão, em combates entre grupos rivais e Exército.

Um operação aérea do Exército paquistanês na noite de segunda-feira deixou pelo menos 20 supostos insurgentes mortos na zona tribal de Orakzai, segundo disse nesta quarta-feira à Agência Efe um membro da polícia da zona.

O bombardeio, confirmado pelo Exército, aconteceu na área de Mamozai e "nele morreram ao redor de 20 supostos militates" (denominação que as autoridades locais costumam usar para falar dos rebeldes), afirmou o agente policial.

Fontes oficiais citadas por meios de imprensa locais disseram que a operação aérea foi reforçada por fogo de artilharia e que se estendeu à vizinha região de Khyber; no total, o número de mortos entre a insurgência superou os 30, segundo essas fontes.

O operacional das Forças Armadas chegou ao local após uma semana de combates entre três grupos insurgentes, que lutam pelo controle do vale de Tirah, um estratégico enclave de Khyber pelo qual há anos são registrados enfrentamentos entre forças de segunrança e grupos armados.

O vale se encontra a cerca de 90 quilômetros de Mamozai.

"Nos últimos cinco ou seis dias, houve pelo menos 70 mortos nos choques entre os talibãs do TTP, Ansar-ul Islã (AI) e Lashkar-e Islã (LI)", disse um funcionário do órgão que coordena as áreas tribais.

"Tirah é um vale que oferece muitas vantagens estratégicas e por isso, há tanta luta por seu controle", afirmou à Agência Efe o analista das áreas tribais Mansur Jan Masud.

Para Masud, o principal atrativo do vale é que serve de acesso tanto para o Afeganistão como para áreas tribais vizinhas, entre elas Waziristão do Sul e do Norte, que abrigam importantes fortificações desde que a insurgência opera em ambos os lados da fronteira.

"Além disso, é uma zona facilmente defensável de ataques externos", acrescentou o analista, que argumentou que a lutas entre os três grupos fundamentalistas é "essencialmente política e por interesses militares, não de índole tribal".

Fontes do Exército disseram à Efe que um dos eixos dessa disputa é a rejeição de alguns grupos à chegada a Khyber e Orakzai de combatentes de outras áreas, algo que por outro lado promove o maior dos grupos talibãs, o TTP.

O operacional desdobrado nas últimas 48 horas se dirigiu, segundo a imprensa local, contra posições de dois dos grupos em disputa, AI e o TTP.

"Ansar-ul Islã (AU) tem uma postura mais próxima às autoridades e quer evitar que seus dois grupos rivais tomem o controle da zona. AU atacou recentemente soldados do TTP e isso desencadeou a batalha destes dias", disse Masud.

O vale de Tirah viu a entrada de tropas paquistanesas pela primeira vez em sua história há apenas uma década e é o epicentro da luta pelo controle do estratégico triângulo formado pelas zonas de Orakzai, Khyber e Kurram.

O Exército lançou uma grande ofensiva no final de 2011 e disse em diversas ocasiões que a zona está "limpa" de insurgentes, mas os grupos fundamentalistas demonstram várias vezes que seguem operando na região.

A população civil da zona sofreu com os choques armados, que o ano passado geraram uma maré de refugiados de cerca de meio milhão de pessoas, segundo várias organizações humanitárias.

Além disso, algumas ações das forças de segurança também deixaram episódios de confusa legalidade como os fortes protestos há duas semanas depois que foram encontrados 18 corpos com marcas de tiros em Bara, uma cidade de Khyber.

Segundo os parentes dos falecidos, que se manifestaram na cidade de Pesháwar levando consigo os corpos das vítimas, essas mortes foram fruto de uma ação policial contra a insurgência, algo desmentido pelas forças de segurança.

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