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Desenvolvimento

Cidade do Cairo vive ciclo de expansão urbana

Mudança de universidade para subúrbio no deserto reflete a fuga das elites da capital do Egito para longe do centro histórico

Novo campus da Universidade Americana do Cairo: megaprojeto distante da cidade e em meio a condomínios de ricos | Creative Commons
Novo campus da Universidade Americana do Cairo: megaprojeto distante da cidade e em meio a condomínios de ricos (Foto: Creative Commons)

Cairo - A Universidade Americana do Cairo (AUC, na sigla em inglês) mudou-se nesta estação para um novo subúrbio no deserto, que circunda a cidade com mais de dois milênios de história, em busca de mais espaço, maiores ginásios esportivos e uma fuga do caos da capital do Egito.

A mudança reflete uma alteração urbana em curso no Cairo e em todo o Oriente Médio, em direção ao desenvolvimento suburbano. O governo municipal do Cairo, os ministérios e empresas egípcias planejam deixar o apinhado centro da cidade. Mas, no Cairo, com seus 20 milhões de habitantes, o contraste entre a cidade e os subúrbios pode ser gritante, levantando preocupações de que a drástica divisão entre ricos e pobres poderá piorar ainda mais.

Muitas pessoas vivem e trabalham nos altos edifícios de apartamentos e em escritórios abarrotados e deteriorados, que foram levantados nas áreas centrais da cidade. Enquanto isso, os egípcios ricos e os estrangeiros se mudam para condomínios fortificados que ficam a mais de 32 quilômetros de distância do centro, com nomes como "Hyde Park" e "Beverly Hills".

Yasir Khan, um professor de jornalismo, se diz preocupado que a mudança da AUC para longe do centro possa significar um dia "em que teremos poucas áreas onde os pobres e ricos possam se encontrar sem ter muros no meio".

"Vamos ser honestos, na AUC estudam os jovens mais ricos", diz Tamer el-Fanz, um estudante de 20 anos na AUC.

Problemas

A mudança da AUC para os subúrbios do Cairo não foi fácil. Fazem três meses que o novo ano escolar começou e o refeitório, os dormitórios e os ginásios ainda estão em construção. Algumas salas de aula ainda não têm eletricidade e o sistema de ar condicionado está irregular, um problema sério no deserto egípcio.

A área é cercada por quilômetros de prédios de escritório e condomínios luxuosos em construção ou apenas concluídos, e carece das miríades de restaurantes baratos e pequenos, tão caros aos estudantes da cidade e à sua vida cultural. Os trabalhadores da universidade encontram a mesma dificuldade em encontrar alimentação acessível no lugar e precisam viajar quilômetros até o Novo Cairo — um lugar onde os preços dos alimentos e moradia não são baratos.

Inas Hamam, diretora associada de comunicações da universidade, diz que a elite universitária acredita que o Novo Cairo será algo mais que apenas uma cidade para os ricos.

"Será uma grande cidade que, quando completa, será um espelho do Cairo", ela disse. "Terá pessoas de todas as classes sociais do Egito".

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