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Química

Cientistas estudam o azul na natureza

Pesquisadores procuram padrões da cor num ambiente em que a maioria das formas de vida opta por variações de bege, vermelho e bordô

Céu azul de Roswell, no estado do Novo México, nos Estados Unidos | Predrag Vuckovic/AFP
Céu azul de Roswell, no estado do Novo México, nos Estados Unidos (Foto: Predrag Vuckovic/AFP)

Os cientistas exploram a física e a química do azul na natureza, na evolução dos ornamentos e chamarizes azuis, quando a maioria das formas de vida na Terra opta por variações terrosas de bege, vermelho e bordô.

Uma equipe de pesquisa relatou a análise estrutural de uma frutinha de um azul deslumbrante, produzida pela planta africana Pollia condensata, que pode muito bem ser o mais lustroso objeto terrestre do mundo natural.

Outro grupo trabalhando na bacia central do Congo anunciou a descoberta de uma nova espécie de macaco, um evento raro na mamalogia. Ainda mais rara é a mais visível característica do chamado macaco-lesula: um trato de pele azul brilhante na área escrotal e das nádegas do macho, que se destaca da pelagem ao redor, como se fossem roupas de baixo neon.

Ainda outros pesquisadores estão traçando a história de pigmentos azuis na cultura humana e o papel que esses pigmentos tiveram em moldar nossas noções de virtude, autoridade, divindade e classe social.

"Os pigmentos azuis tiveram um papel de destaque no desenvolvimento humano", disse Heinz Berke, professor-emérito de Química na Universidade de Zurique. Segundo ele, para algumas culturas, eles eram tão valiosos quanto ouro.

Uma bateria de testes demonstrou que o amor ao azul é um fenômeno global. Pergunte às pessoas qual sua cor favorita, e, na maior parte do mundo, quase a metade delas dirá que é o azul, um número 3 ou 4 vezes maior do que o número de pessoas com preferência por verde ou roxo, as cores do segundo lugar. Somente um a cada seis norte-americanos tem olhos azuis, mas quase um a cada dois considera o azul a cor mais bonita para os olhos, o que pode ser o motivo pelo qual cerca de 50% das lentes de contato vendidas são do tipo que transformam olhos castanhos em azuis.

Crianças doentes gostam quando quem cuida delas se veste de azul. Um estudo recente da Cleveland Clinic descobriu que pacientes jovens preferiam as enfermeiras de uniformes azuis às de uniforme branco ou amarelo. E poucas são as pessoas que não têm em seu guarda-roupa um par de jeans.

"Para os norte-americanos, os jeans têm uma conotação especial por causa de sua associação ao Velho Oeste e ao individualismo bruto", disse Steven Bleicher, autor de Contemporary Color: Theory and Use ["A Cor Contemporânea: Teoria e Uso", ainda sem tradução para o português]. Os jeans levam a sério sua reputação de John Wayne.

"Porque a tintura índigo vai clareando com as lavagens, o azul de cada um se torna diferente e único", disse Bleicher, professor de artes visuais na Universidade Litorânea da Carolina. "Eles se tornam os seus jeans".

Tradução de Adriano Scandolara.

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