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Uma bactéria de 8 milhões de anos foi extraída do gelo mais antigo da Terra, e multiplicada em laboratório por cientistas. Segundo os pesquisadores da Universidade de Rutgers, a experiência com os organismos mostra que o aquecimento global pode fazer com que bactérias e vírus voltem à vida.

Os cientistas extraíram DNA e bactéria de um bloco de gelo encontrado entre três e cinco metros abaixo da superfície de uma geleira na Antártica. Os pesquisadores utilizaram cinco amostras que tinham entre 100 mil e oito milhões de anos. Os microorganismos voltaram à vida e começaram a se reproduzir quando os cientistas lhes ofereceram calor e nutrientes.

De acordo com o estudo publicado na "Proceedings of The National Academy of Science", as bactérias encontradas são comuns até hoje, o que afasta novos riscos para os homens. Além disso, esse processo vem acontecendo há bilhões de anos, segundo os pesquisadores. "Esses micróbios estão no planeta há muito tempo", disse um dos pesquisadores, Kay Bidle.

Paul Falkowski, que também participou do estudo, afirmou que o acelerado fluxo de geleiras em direção aos oceanos decorrente do aumento das temperaturas do planeta poderia despejar novos organismos no mar. Entretanto, ele também não acredita que haja motivo de preocupação porque bactérias e vírus marinhos são normalmente bem menos prejudiciais ao homem do que aqueles encontrados em terra firme.

Busca por vida alienígena

Falkowski descreveu as bactérias como pequenas células "que se encontravam em estado suspenso de animação por 8 milhões de anos". Os cientistas constataram que o DNA das bactérias se deteriora consideravelmente depois de aproximadamente 1,1 milhão de anos. Após esse período, a extensão do seu DNA é reduzida à metade. No gelo mais antigo, o material genético era de apenas 210 unidades entrelaçadas.

Normalmente, o DNA de uma bactéria apresenta, em média, três milhões de unidades. Os cientistas acreditam que o DNA é degradado por raios cósmicos, particularmente mais potentes nos pólos da Terra, onde o campo magnético do planeta é mais fraco. Por isso, quando os cientistas tentaram trazer os microorganismo de volta à vida, os resultados mais eficientes foram obtidos nas amostras mais recentes. Os micróbios retirados do gelo mais antigo se desenvolveram mais lentamente. "Os mais recentes se multiplicaram muito rapidamente", contou Bidle, lembrando que as culturas de 100 mil anos dobravam de tamanho a cada sete dias, em média. As culturas feitas com os micróbios mais antigos, no entanto, levaram até 70 dias para serem multiplicadas por dois.

O estudo, segundo os especialistas, ajuda a "entender os limites geológicos e fisiológicos da vida na Terra sob determinadas condições". Bidle lembrou ainda que a maior parte da vida no planeta é formada por micróbios. "Eles vivem em quase todos os ambientes possíveis", afirmou o cientista. "Por isso, aprender mais sobre os micróbios, o que podem tolerar e quais são os seus limites é importante para compreender como a Terra funciona durante grandes períodos de tempo".

Além disso, o estudo de micróbios que vivem em condições extremas é considerado de fundamental importância para a pesquisa sobre vida em outros planetas. Estudos como o de Bidle oferecem um forte indicativo do tempo que os microorganismos poderiam permanecer nas condições gélidas de outros planetas, como Marte, sem perder sua capacidade de voltar à vida.

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