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Desempenho

Cientistas se inspiram na visão humana para criar versão eletrônica do olho

Pesquisa americana usou circuitos deformáveis e material elástico para fazer lente curva. Sistema pode dar origem a microcâmeras de alta performance ou até visão biônica

Olho eletrônico já conectado a um circuito para aquisição de imagens | Instituto Beckman/Universidade de Illinois
Olho eletrônico já conectado a um circuito para aquisição de imagens (Foto: Instituto Beckman/Universidade de Illinois)

A expressão "olho eletrônico" pode deixar de ser mera metáfora em breve, se depender do trabalho de John Rogers e seus colegas da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (EUA). Os pesquisadores usaram materiais encontrados em qualquer câmera digital de hoje para montar um olho artificial com o mesmo formato do olho humano. A equipe espera que o sistema melhore um bocado o desempenho das câmeras atuais e propõe até que ele poderia ser usado nas próteses oculares do futuro.

A pesquisa está descrita na edição desta semana da revista científica britânica "Nature". Rogers e seus colegas trabalharam com base na necessidade de melhorar o desempenho das atuais câmeras digitais, que se baseiam em superfícies planas. Em comentário na "Nature", o pesquisador japonês Takao Someya, da Universidade de Tóquio, lembra que esse tipo de superfície gera distorções de imagem nas bordas das lentes, exigindo o uso de múltiplos captadores e levando a problemas como imagens originais relativamente escuras.

Segundo Someya, o uso de detectores de imagem esféricos, como os olhos de muitos animais, incluindo o homem, pode eliminar essas "limitações fundamentais". Rogers e seus companheiros americanos conseguiram a façanha com base em dois princípios básicos. O primeiro, baseado em silício (tal como os chips de computadores), consiste numa rede de detectores de luz que toleram a compressibilidade - trocando em miúdos, não há problema em amassá-los ou dobrá-los. Isso é possível graças aos fios metálicos finíssimos que interligam esses fotodetectores.

O outro componente do truque é o uso de longas cadeias de moléculas elásticas, as quais permitem a transformação desse rede, originalmente plana, numa forma hemisférica. Ou seja: redondinha, exatamente como o cristalino do nosso olho. Segundo Someya, o avanço deve trazer "novas classes de dispositivos de imageamento, com campos de visão de ângulo aberto, pequena distorção e tamanho compacto".

Portanto, além da aplicação em microcâmeras, a integração desse tipo de dispositivo ao organismo de pessoas com problemas sérios de visão poderia criar uma forma viável de "olho biônico".

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