Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
chile

Cinco dias antes de deixar o poder, líder chilena pede convocação de nova Assembleia Constituinte

Michelle Bachelet, que será sucedida por Sebastián Piñera, enviou ao Congresso um projeto de lei que pede um nova Constituição no país. Essa era uma das principais promessas de campanha da presidente

Bachelet considera que, mesmo entregando o projeto no fim de seu mandato, o gesto significará mais do que algo simbólico | FABRICE COFFRINI/AFP
Bachelet considera que, mesmo entregando o projeto no fim de seu mandato, o gesto significará mais do que algo simbólico (Foto: FABRICE COFFRINI/AFP)

"Governaremos até o último dia." Assim se justificou a presidente do Chile, Michelle Bachelet, ao enviar ao Congresso, nesta terça-feira (6), cinco dias antes de deixar o poder, o projeto de lei que pede a convocação de uma nova Assembleia Constituinte.  

A redação de uma nova Carta para o país -a atual remonta a 1980, ou seja, é da época da ditadura do general Pinochet- era uma das principais promessas de campanha de Bachelet para este seu segundo mandato.  

Ao longo desse período, porém, a presidente enfrentou muita resistência parlamentar ao tentar dar seguimento à proposta e foi interrompida por obstáculos de gestão e por acusações de corrupção envolvendo membros de sua família.  

Porém, Bachelet considera que, mesmo entregando o projeto a poucos dias de transmitir o cargo ao centro-direitista Sebastián Piñera -que é contra a redação de uma nova Carta-, o gesto significará mais do que algo simbólico.  

A presidente aposta no fato de que Piñera não terá maioria no Congresso (justamente a instância que levará adiante o debate) e no de que, nos últimos tempos, tem havido mais apoio da sociedade para a mudança de alguns aspectos da Constituição. 

Prova disso foi a repercussão positiva de reformas impulsadas pela presidente e aprovadas pelo Congresso, ainda que a conta-gotas.  

Proposta

Entre elas, a Lei do Aborto, permitindo a interrupção da gravidez em três casos (estupro, inviabilidade fetal e risco de vida à mãe), e a ampliação da gratuidade universitária a 60% dos estudantes mais pobres. Antes, todo o ensino superior era pago, o que motivou numerosos protestos de estudantes em 2011.  

Em um pronunciamento em cadeia nacional, na segunda-feira (5), Bachelet diz que espera que o novo texto seja levado a plebiscito e explicou que suas linhas gerais foram estabelecidas em debate com grupos da sociedade.  

"Contribuíram para o projeto mais de 200 mil pessoas", afirmou, enfatizando esse numeral para pedir respeito ao documento.  

Entre os principais pontos da proposta estão aqueles que dizem respeito à ampliação de direitos civis e do acesso gratuito a educação e saúde, assim como uma reforma no sistema de aposentadorias -muitos desses itens haviam sido privatizados nos anos Pinochet (1973-1990).  

A nova Carta também faria um reconhecimento dos povos originários -não contemplado na legislação atual e que vem gerando intensos conflitos no sul do país. Esse reconhecimento abriria a possibilidade do ensino dos idiomas originários nas regiões habitadas pelos indígenas, assim como impulsionaria a discussão sobre projetos de demarcação de terras e de implementação de um sistema de cotas para a participação daqueles no Congresso.  

O projeto de lei também propõe um sistema mais independente para a relação do Executivo com o Judiciário, dando mais autonomia à Corte Suprema.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.