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Resgate dos mineiros chilenos, em 2010. | Rodrigo Arangua/AFP
Resgate dos mineiros chilenos, em 2010.| Foto: Rodrigo Arangua/AFP

O mundo pode respirar aliviado: depois de mais de duas semanas presos em uma caverna inundada no norte da Tailândia, os 12 meninos do time de futebol Javalis Selvagens e o seu treinador foram finalmente libertados.

A operação de salvamento começou na segunda-feira passada (2), depois que mergulhadores britânicos encontraram o grupo que estava ilhado em uma das câmaras secas da caverna. Num primeiro momento, chegou-se a cogitar a hipótese de mantê-los lá por meses até que a época de monções passasse e eles pudessem sair caminhando. Mas a queda do nível de oxigênio dentro da caverna e a possibilidade de que chuvas fortes elevassem o nível de água lá dentro fizeram com que o resgate via mergulho fosse colocado em prática no domingo (1).

O risco da operação era grande: a água lamacenta prejudicava a visão nos pontos submersos, os meninos não sabiam nadar - muito menos mergulhar - e um dos trechos era bastante estreito. O perigo ficou ainda mais evidente depois da morte de Saman Kunan, ex-oficial da Marinha, triatleta e experiente mergulhador que estava ajudando nos preparativos do resgate.

Mas felizmente tudo terminou bem. “Não temos certeza se isso é milagre, ciência, ou seja o que for. Todos os 13 Javalis Selvagens agora estão fora da caverna”, celebrou a Marinha tailandesa em sua página oficial no Facebook.

A surpreendente história desses 12 meninos e de seu treinador lembra outros resgates que o mundo acompanhou com tensão e emoção — e que também terminaram com um final feliz.

LEIA MAIS:Quatro meninos foram resgatados de caverna inundada no primeiro dia de operação

Um dos mais tensos foi o dos mineiros no Chile, em 2010. Um grupo de 33 pessoas permaneceu sob os escombros de uma mina durante 69 dias. Apesar do longo período trancafiados, todos saíram com vida do episódio. Naquele mesmo ano, em janeiro, um terremoto no Haiti causou um rastro de destruição e mortes, mas também foram feitos salvamentos tidos como “milagrosos”. Outro episódio bastante lembrado, até por ter virado filme em 1989, foi o da bebê Jessica, que com apenas um ano e meio passou 59 horas no fundo de um poço abandonado nos Estados Unidos. 

Mineiros chilenos

Os mineiros do Chile estavam a pouco mais de 600 metros de profundidade quando a estrutura da mina de cobre e ouro San José, em Copiapó, cedeu, soterrando a passagem, em 5 de agosto de 2010. Sem possibilidade de comunicação com o local e sem informações sobre a localização exata deles, acreditou-se que estavam todos mortos. Foi só em 22 de agosto, quando uma segunda tentativa de perfuração chegou próxima ao local da mina, que a equipe de resgate ouviu batidas na máquina. Os mineiros prenderam uma mensagem na perfuradora, dizendo: “Estamos bem no refúgio os 33”. 

O resgate demorou mais algumas semanas. Através de um pequeno poço, foi possível enviar água, comida e remédios. Depois essa passagem foi alargada e, nela, instalada uma espécie de cápsula com capacidade para içar um mineiro de cada vez. Após treinamentos e avaliações quanto à segurança da estrutura, os trabalhadores começaram a ser retirados, em 12 de outubro, e o resgate foi concluído na noite do dia seguinte.  

Terremoto no Haiti

Resgate após terremoto no Haiti.KB/PSQ/KENA BETANCUR

Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de 7 graus na escala Richter devastou o Haiti. A destruição foi tão grande que o número de mortes ficou apenas na estimativa: de 150 mil vítimas apenas na região metropolitana da capital, Porto Príncipe, a 200 mil. Resgates feitos uma semana após o abalo alimentaram esperanças, mas o número total de sobreviventes ficou em torno de 130.

No dia 23, um homem de 24 anos foi retirado debaixo de escombros de um hotel. Quatro dias depois, quando não havia mais expectativa de se encontrar pessoas vivas, uma menina de 16 anos, Darlene Ettiene, foi resgatada de um buraco. Ainda que não houvesse um movimento de busca ativa por ela, o caso gerou comoção, pelas condições em que a adolescente foi encontrada, duas semanas após o terremoto. Darlene, mesmo com um quadro severo de desidratação, conseguiu sussurar um “ obrigada” aos socorristas.   

Filho perdido no Japão

Em 2016 muitas pessoas acompanharam o drama vivido pelo garoto Yamato Tanooka, de 7 anos, no Japão. Durante um passeio em família, em 28 de maio, ele foi deixado pelos pais em uma reserva florestal da ilha de Hokkaido, no norte do país. Os pais o retiraram do carro, como “castigo”, e voltaram 10 minutos depois, mas não encontraram o filho. Equipes de socorro fizeram várias buscas, mas foi só seis dias após o desaparecimento que Yamato foi encontrado. Ele estava em um refúgio de uma área de treinamento militar a 7 km de onde tinha sido deixado. 

O resgate que virou filme

Foto vencedora do Prêmio Pulitzer de 1986.Scott Shaw

Um dos resgates mais memoráveis foi o da bebê Jessica McClure, que ocorreu em 1986, no Texas (EUA). Em 14 de outubro, a menina brincava com a irmã mais velha no quintal da casa. A mãe entrou para atender um telefonema e, quando retornou, viu que Jessica havia caído de cabeça para baixo em um poço desativado, com cerca de 6 metros de profundidade e apenas 20 centímetros de diâmetro. A bebê tinha apenas 1 ano e meio e de idade.

O resgate, com a escavação de um poço paralelo, foi transmitido ao vivo pela emissora de televisão CNN. Jessica teve de se submeter a várias cirurgias. O episódio virou o filme O Resgate de Jessica, de 1989. A comoção foi tão grande que pessoas de vários países fizeram doações em dinheiro para a bebê, que ficou guardado em um fundo e liberado a ela em 2011, com uma soma aproximada de US$ 800 mil. Uma das fotos do resgate, feita pelo fotógrafo Scott Shaw, venceu o Prêmio Pulitzer de 1986. 

Apollo 13

Os três astronautas da Apollo 13, após a aterrissagem na Terra.Nasa/Divulgação

A sétima missão tripulada do programa Apollo tinha por objetivo pousar na Lua. A missão mudou dois dias após seu lançamento, em 13 de abril de 1970 e a 330 mil km da Terra, quando houve uma explosão em um dos módulos. A partir dali, ela passou a ser o retorno à Terra.

James Lovell, Jack Swigert e Fred Haise, os três astronautas tripulantes da Apollo 13, sentiram uma forte explosão 55 horas após a decolagem. Posteriormente, uma investigação da Nasa determinou que fios estavam expostos no tanque de oxigênio, graças a uma combinação de erros de testes e de fabricação. Uma faísca originada de um dos fios causou o incêndio, arrancando um tanque e danificando outro dentro da nave.

Quase que imediatamente, o trio de astronautas iniciou o módulo lunar Aquarius, onde permaneceu a fim de conservar energia do módulo de comando, o Odissey, que tinha a proteção de calor necessário à reentrada na atmosfera terrestre. A equipe de apoio em terra da Nasa, em Houston, acompanhou e auxiliou o trio de astronautas durante todo o esforço para retornarem em segurança para casa, o que consistiu em dar a volta na Lua ao mesmo tempo em que tentavam conservar o máximo de energia e suprimentos possível.

O módulo aterrissou no sul do Pacífico, entre as ilhas de Fiji e Nova Zelândia. Em 1995, a história virou filme, Apollo 13, dirigido por Ron Howard e estrelado por Tom Hanks. 

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