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Cerca da fronteira entre os EUA e o México em San Diego, Califórnia | MARIO TAMAAFP
Cerca da fronteira entre os EUA e o México em San Diego, Califórnia| Foto: MARIO TAMAAFP

O governo brasileiro vai investigar a atuação no país de redes de "coiotes" que levam famílias ilegalmente para os EUA. O Itamaraty quer encontrar criminosos que aliciam clientes no Brasil para contrabandistas de imigrantes baseados no México.

O ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) pediu que órgãos de inteligência e segurança do país analisem o caso. O tema foi levantado nos últimos dias, depois que o chanceler visitou nos EUA crianças separadas de pais que entraram ilegalmente em território americano.

Integrantes do Itamaraty afirmam que há indícios da ação de redes criminosas em cidades brasileiras. Segundo eles, as famílias que pretendem atravessar ilegalmente a fronteira entre o México e os EUA fazem contato com representantes dos "coiotes" antes de deixar o Brasil.

O governo quer descobrir como atuam os grupos que fazem essa "ponte" com os contrabandistas. O custo total do serviço até a entrada no território americano pode chegar a R$ 30 mil, segundo integrantes da diplomacia brasileira.

O chanceler já levou o assunto ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável por órgãos como a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Ele também vai pedir a atuação da Polícia Federal para investigar esses grupos.

A PF já prendeu integrantes de organizações de "coiotes" nos últimos anos. Em 2015, agentes descobriram um esquema que intermediava a compra de documentos falsos para facilitar a entrada de imigrantes nos EUA.

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A preocupação do governo brasileiro aumentou depois que o presidente americano, Donald Trump, ampliou o rigor contra a imigração ilegal em seu país. A política de tolerância zero provocou a separação de dezenas de famílias brasileiras, uma vez que crianças que acompanham os pais não podem ficar detidas.

Aloysio não quis comentar o pedido de investigação da rede de "coiotes". À reportagem ele criticou os pais que submetem seus filhos aos riscos da imigração ilegal.

Há uma enorme e cavalar irresponsabilidade desses pais. É evidente que o pai que empreende uma aventura dessas sabe que haverá um risco, que será arcado principalmente pela criança, a mais vulnerável.

O chanceler brasileiro considera cruel a política de Trump que provocou a separação de pais e filhos. Disse que o Itamaraty monitora a situação das famílias brasileiras nos EUA e que, "embora haja certo conforto", as crianças passam por uma "situação angustiante".

Tolerância zero

Em abril, o governo dos EUA passou a enviar para prisões federais os estrangeiros que atravessavam suas fronteiras de modo irregular.

A prática foi revertida na semana passada, quando a Casa Branca começou a liberar esses imigrantes. Os adultos devem usar tornozeleiras eletrônicas e se apresentar periodicamente às autoridades até a conclusão de seus processos.

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Segundo os cálculos do Itamaraty, 40 crianças brasileiras estão em abrigos nos EUA, separadas dos pais que foram detidos. Ao longo da última semana, 15 meninos e meninas voltaram para suas famílias.

O governo teme que o aparente abrandamento desse aspecto da política migratória volte a estimular a ação de "coiotes" no Brasil.

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