Conforme as pesquisas de intenção de voto previam, os chilenos que foram às urnas neste domingo (04) votaram majoritariamente para dizer "não" à proposta de nova constituição, produzida com forte viés de esquerda. Segundo a imprensa do Chile, com 99,9% dos votos apurados, a rejeição prevaleceu com uma vantagem esmagadora de mais de vinte pontos: 61,87% sobre os 38,13% da aprovação.
Na noite deste domingo, o presidente Gabriel Boric fez um pronunciamento ao país já com a informação da rejeição. “Hoje o povo do Chile falou e o fez em alto e bom som, nos dando duas mensagens: a primeira é que eles amam e valorizam sua democracia e confiam nela para superar as diferenças e seguir em frente”, declarou presidente.
Boric minimizou a derrota ao dizer que “neste 4 de setembro, a democracia chilena sai mais robusta, é assim que o mundo inteiro a viu e reconheceu. Um país que em seus momentos mais difíceis opta pelo diálogo e acordos para superar suas fraturas e dores, e devemos nos orgulhar disso”.
Desigualdades
A atual Constituição é vista por parte da sociedade como a origem das desigualdades do país.
No entanto, reportagem publicada pela Gazeta do Povo apontou que o texto proposto, tipicamente latino-americano, poderia trazer pobreza e corrupção.
Para acomodar dezenas de ideias à esquerda do espectro político, os constituintes chilenos escreveram um texto extenso, com 388 artigos. Isso é mais que o dobro do número de artigos da atual Constituição do país.
O novo texto, redigido durante um ano por uma assembleia de tendência progressista e com paridade entre homens e mulheres, pretendia declarar o Chile um "Estado social de direito".
Seus defensores, que se concentram na esquerda e parte do centro, afirmam que ajudará a tornar o país "mais justo", porque consagra um grupo de novos direitos sociais, a principal reivindicação apresentada na onda de protestos de 2019 no país.
Os opositores, por sua vez, estão na direita e em outra parte do centro e argumentam que se trata de um texto radical e que não une o país.
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