Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
A caminho da Noruega

Como María Corina deixou secretamente a Venezuela para participar de cerimônia do Nobel

maría corina maduro
María Corina ganhou o prêmio Nobel da Paz deste ano (Foto: Ronald Peña/EFE)

Ouça este conteúdo

A líder opositora venezuelana María Corina Machado deve chegar na Noruega nas próximas horas desta quarta-feira (10), depois que sua filha recebeu o Nobel da Paz em seu lugar devido a um atraso em sua viagem por motivos de segurança.

O jornal The Wall Street journal (WSJ) deu detalhes de sua trajetória desde a saída da Venezuela no dia anterior. Autoridades dos Estados Unidos disseram à reportagem que Corina deixou seu país secretamente na terça-feira de barco e viajou para a nação insular caribenha de Curaçao.

Segundo sua filha, Ana Corina Sosa, a intenção da líder opositora é regressar "muito em breve" à Venezuela, visto que corre o risco de ser forçada ao exílio. Ela passou a maior parte do ano passado sem ter seu paradeiro conhecido na Venezuela para evitar a prisão pelo regime de Nicolás Maduro.

Em um telefonema com o presidente do Comitê Nobel, Jørgen Watne Frydnes, publicado no site do Prêmio da Paz nesta quarta-feira (10), Machado disse que muitas pessoas arriscaram suas vidas para que ela viajasse até Oslo.

“Sou muito grata a eles. E esta é uma medida do que esse reconhecimento significa para o povo venezuelano”, disse ela, antes de entrar em um avião para a capital norueguesa. “Nós nos sentimos muito emocionados e muito honrados, e é por isso que estou muito triste e arrependido de dizer que não poderei chegar a tempo para a cerimônia, mas estarei em Oslo e estou a caminho de Oslo agora”.

O discurso de Machado, lido por sua filha na cerimônia, incluiu uma revisão da história da Venezuela, na qual afirmou que o país chegou a ser a democracia “mais estável” da América Latina, até ser “desmantelada” a partir de 1999 pelo regime, que ela acusou de falsificar a história, corromper as Forças Armadas, manipular eleições e perseguir a dissidência.

Machado — que não mencionou diretamente nem o falecido general Hugo Chávez nem seu sucessor, o ditador Nicolás Maduro — falou de um “saque histórico” e de que o dinheiro do petróleo foi usado para “comprar lealdades” no exterior, “enquanto o Estado se fundia com o crime organizado e com grupos terroristas internacionais”.

Ela também falou da “ferida aberta” causada pela emigração dos venezuelanos, além de acusar o governo de “destruir por dentro” os opositores.

“Eles queriam que os venezuelanos desconfiassem uns dos outros, que ficássemos calados, que nos víssemos como inimigos. Eles nos sufocaram, nos prenderam, nos mataram, nos empurraram para o exílio”, descreveu.

Depois de tentar “tudo” durante três décadas, a esperança “desmoronou”, disse Machado, que classificou como uma “mudança de rumo” a decisão de realizar eleições primárias, unir a oposição e percorrer todo o país em pré-campanha, um ano antes das eleições presidenciais de 2024.

A decisão das autoridades de não permitir que ela se candidatasse às eleições foi “um golpe duro”, admitiu a oposicionista, embora o movimento tenha seguido em frente com Edmundo González Urrutia, que não era visto como uma “ameaça” pelo regime.

Machado elogiou o trabalho de milhares de voluntários durante o dia das eleições, usando a tecnologia como “ferramenta para a liberdade”, o que permitiu digitalizar e publicar as atas, que garantiram a vitória de González com 67% dos votos. 

“A ditadura respondeu aplicando o terror. Dois mil e quinhentas pessoas foram sequestradas, desapareceram ou foram torturadas. Eles marcaram suas casas, tomaram famílias inteiras como reféns. Padres, professores, enfermeiras, estudantes: todos perseguidos por compartilharem uma ata eleitoral”, declarou Sosa em nome de sua mãe, em um discurso proferido em inglês.

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Tudo sobre:

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.