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Projeções confirmam continuidade de Nayib Bukele na gestão de El Salvador
Projeções confirmam continuidade de Nayib Bukele na gestão de El Salvador| Foto: EFE/ Miguel Lemus

Conhecido mundialmente como o idealizador do maior presídio do continente americano, com capacidade para 40 mil detentos, o presidente de El Salvador Nayib Bukele, de 42 anos, venceu com folga as eleições gerais do país deste ano, que lhe garantiram a continuidade na chefia de Estado de um dos menores países da América Latina por mais quatro anos.

Considerado um líder jovem, Bukele ocupou o cargo federal pela primeira vez em 2019, meio pelo qual iniciou uma drástica mudança no funcionamento institucional do país, principalmente na área de segurança, que lhe rendeu forte apoio popular.

Desde a chegada ao poder, seu governo já prendeu cerca de 76 mil pessoas com a decretação de um estado de exceção no país, adotou uma moeda digital, defendeu seu “direito divino” no Congresso, destituiu membros da Suprema Corte e decidiu reduzir em mais de 80% o número de cidades salvadorenhas.

Apesar das medidas políticas controvertidas, sua popularidade dentro do país chega a quase 90%, de acordo com as recentes pesquisas de opinião. Isso se deve, principalmente, pela campanha de combate às gangues de ruas que dominavam o país.

As estatísticas oficiais apontam que os índices de violência em El Salvador passaram de 38 mortes a cada 100 mil habitantes, em 2019, para 1,7 mortes em 2023. Um feito e tanto para o pequeno território da América Central, que estava entre os dez países mais violentos do mundo, segundo um relatório elaborado pela ONU.

Essa redução da criminalidade está relacionada ao decreto de Bukele, de setembro de 2022, que suspendeu direitos constitucionais dos cidadãos após um massacre que resultou na morte de 87 pessoas em dois dias no país.

Sem a necessidade de ordem judicial, a medida foi responsável por milhares de prisões no período de um ano e colocou o país em primeiro lugar na lista das maiores taxas de encarceramento do mundo, proporcionais à população, de 600 presos a cada 100 mil habitantes, segundo dados da organização britânica World Prison Brief.

O presidente reeleito de El Salvador, Nayib Bukele, obteve mais de 80% de apoio popular nas urnas
O presidente reeleito de El Salvador, Nayib Bukele, obteve mais de 80% de apoio popular nas urnas| EFE/ Rodrigo Sura

Informações oficiais apontam que El Salvador registrou cerca de 518 dias sem homicídios durante toda a primeira gestão Bukele. Os números não se referem a dias consecutivos, mas à quantidade de dias somados sem ocorrências de mortes por assassinato. Organizações internacionais de defesa aos direitos humanos, no entanto, denunciam detenções ilegais no país e condições precárias de encarceramento.

Menos municípios

Além do combate à criminalidade, outras ações marcam o governo do autodeclarado “ditador” no Twitter. Uma delas é a proposta da Lei Especial de Reestruturação Municipal, retificada em junho do ano passado, que prevê a redução de 83% das cidades salvadorenhas.

O documento possui 13 artigos e tem previsão de entrar em vigor em maio deste ano. Com a nova organização administrativa, o país contará com 44 prefeitos, 44 curadores e 372 vereadores.

Entre as justificativas apresentadas pelo chefe de Estado estão a desburocratização da gestão pública, a melhoria na prestação de contas, o combate à corrupção e economia ao Estado.

Para a oposição política a Bukele, a iniciativa é vista com “maus olhos”. Segundo os legisladores, que rejeitam a proposta, o presidente deseja a modificação administrativa do Estado para acumular mais poderes e facilitar a aprovação de seus projetos.

Presidente autoritário? 

Nayib Bukele começou a ser visto como antidemocrático após suas polêmicas atuações contra a Suprema Corte.

Em 2020, com menos de um ano de governo, ele invadiu o legislativo com apoio de militares e afirmou seu “direito divino”, após a rejeição de um empréstimo milionário pelo Parlamento para investir em seu plano de segurança no país.

A ação causou a primeira crise de seu governo e foi considerado um “autogolpe de Estado” pela oposição política e organizações democráticas internacionais. Ele ainda convocou seus apoiadores populares para cercarem o Congresso em sua defesa.

Outra situação que virou os holofotes midiáticos para El Salvador aconteceu em 2021, quando o presidente, com o legislativo controlado por seus aliados, destituiu um terço dos 690 juízes do país, além de dezenas de promotores, após aprovação da Lei da Carreira Judicial. Essa ação foi questionada pela ONU e pelos Estados Unidos, que defenderam o respeito à tripartição dos poderes.

Apesar de tudo 

Um levantamento feito pela agência Digitips, divulgado pela BBC News Brasil, mostra que Bukele é hoje o governante mais seguido no TikTok, com 6,4 milhões de seguidores, seguido de Lula (4,4 milhões) e Macron (3,9 milhões), da França.

Por um lado, pesquisas de opinião e dados levantados pelo próprio Estado apontam uma aceitação popular ao governo. Por outro, o líder é denunciado por organizações devido à violência institucionalizada e desrespeito à divisão dos poderes.

A mudança de perspectiva da nação salvadorenha em relação à segurança também atraiu grandes investidores estrangeiros, como a JPMorgan, que criaram interesse por títulos do país, e deu uma guinada no turismo, que em 2023 registrou mais de 30% de crescimento, em comparação ao ano anterior, com um total de 3,2 milhões de visitantes, transformando sua capital, São Salvador, e outras regiões antes tomadas pelo crime, em locais seguros para a população e para os turistas.

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