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Homem carrega um pedaço de destroços da aeronave da Ethiopian Airlines, a sudeste de Addis Ababa, Etiópia, em 10 de março de 2019 | Foto: Michael TEWELDE/AFP
Homem carrega um pedaço de destroços da aeronave da Ethiopian Airlines, a sudeste de Addis Ababa, Etiópia, em 10 de março de 2019 | Foto: Michael TEWELDE/AFP| Foto:

Várias companhias aéreas decidiram suspender os voos de aeronaves Boeing 737 MAX-8 após o acidente que matou 157 pessoas a bordo de um voo da Ethiopian Airlines neste domingo (10), minutos depois da decolagem em Addis Ababa, capital da Etiópia.

Um dia nacional de luto foi declarado na Etiópia e os investigadores estão analisando o local do acidente para identificar os restos mortais, para que possam ser entregues às famílias. A televisão estatal também informou que o gravador de voz da caixa preta do avião foi recuperado.

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A companhia aérea etíope anunciou na segunda-feira (11) que suspenderia os voos do modelo, seguindo o exemplo das autoridades chinesas de aviação, que mais cedo haviam comunicado que solicitaram às companhias aéreas domésticas para impedir temporariamente os voos de todos os jatos Boeing 737 MAX-8. Foi a primeira vez que a Agência Nacional de Aviação da China assumiu a liderança na tomada de ação em um caso como este.

A Cayman Airways, das Ilhas Caimã, também suspendeu o uso do modelo 737 MAX-8, a última versão da empresa de aviação mais popular do setor.

A Ethiopian Airlines disse em um comunicado que a frota ficaria em solo "como precaução extra de segurança".

O presidente-executivo da empresa, Tewolde Gebremariam, disse no domingo que havia seis aviões na frota e inicialmente a decisão foi de não suspendê-los. Mas isso mudou após o pedido da China, que afetou centenas de voos. Cerca de 13 companhias aéreas operam mais de 90 jatos Boeing 737 Max 8, de acordo com a mídia nacional.

Semelhanças com o acidente na Indonésia

Em outubro, na Indonésia, o mesmo modelo de avião caiu logo após a decolagem, levantando preocupações sobre a aeronave. "Pode haver um problema técnico neste modelo de aeronave, então mesmo que a investigação ainda não tenha terminado, decidimos por um tempo fazer um check-up técnico", disse Binyamin Demesse, porta-voz da Ethiopian Airlines.

"Houve certas semelhanças no fato de dois acidentes aéreos terem ocorrido recentemente com aeronaves Boeing 737 MAX-8, e ambos ocorreram na fase de decolagem", informou a Administração de Aviação Civil chinesa em um comunicado referindo-se aos acidentes na Etiópia e na Indonésia. Todos os aviões desse modelo permaneceria em solo até novo aviso, de acordo com autoridades chinesas, permitindo a "tolerância zero a riscos de segurança", disse a agência de aviação, acrescentando que também consultaria a Administração Federal de Aviação dos EUA e a Boeing.

Leia também: Queda do voo da Lion Air: falha em sistema fez piloto perder controle do avião

Um porta-voz da Boeing na China disse que a empresa está em contato com todos os seus clientes e órgãos reguladores do governo e trabalha em estreita colaboração com a equipe de investigação na Etiópia para entender a causa do acidente.

Na Coreia do Sul, as autoridades nacionais de aviação têm trabalhado com a companhia aérea Eastar Jet para garantir a segurança dos dois aviões 737 MAX-8 que operam no país, segundo um porta-voz da Eastar. A empresa é atualmente a única companhia aérea do país que voa com a aeronave e planeja adicionar mais quatro à sua frota este ano.

A Administração Federal de Aviação dos EUA, que originalmente certificou o 737 Max, disse apenas que está "monitorando de perto os desenvolvimentos" na investigação etíope.

A suspensão de voos de um modelo de aeronave por autoridades americanas é extremamente rara e, no passado, normalmente não ocorreu tão cedo durante uma investigação, quando poucos detalhes eram conhecidos. A última vez que a agência fez isso foi em janeiro de 2013, como resultado do superaquecimento das baterias de íons de lítio no modelo 787 da Boeing.

Pressão sobre a Boeing

A pressão sobre a Boeing aumentou depois das decisões da China e da Indonésia.

As ações da empresa caíram 9,6%, na abertura da bolsa americana, chegando a US$ 382,11 . A Safran, que fabrica motores para o modelo da aeronave junto com a General Electric, viu suas ações caírem 1,8%.

As companhias aéreas chinesas compraram cerca de 20% dos 737 MAX entregues em todo o mundo até janeiro, segundo o site da Boeing. Novas aquisições da aeronave fabricada em Chicago teriam sido apontadas como um possível componente de um acordo comercial entre China e EUA.

A China Southern Airlines tem 16 aeronaves e outras 34 encomendadas, de acordo com dados até janeiro. A China Eastern Airlines tem 13, enquanto a Air China tem 14, segundo a Boeing. Outras companhias aéreas chinesas que compraram o MAX incluem a Hainan Airlines e a Shandong Airlines.

O 737 MAX deve gerar cerca de US$ 30 bilhões em receita anual, enquanto a produção da fábrica sobe para um ritmo mensal de 57 jatos, de acordo com estimativas da Bloomberg Intelligence.

Como ocorreu o acidente

O voo 302 da Ethiopian Airlines caiu seis minutos depois da decolagem, matando 149 passageiros e oito tripulantes. Em seu curto voo, dados mostram o avião subindo, descendo e, em seguida, subindo rapidamente, acelerando a velocidades que excedem o padrão durante a decolagem.

O piloto pediu para voltar a Addis Ababa porque estava com dificuldades.

No caso do voo da Lion Air, na Indonésia, os pilotos tiveram dificuldades com o avião porque um sensor defeituoso e um recurso automático forçaram o nariz da aeronave para baixo enquanto os pilotos lutavam para estabilizá-la. Eles também pediram permissão para retornar ao aeroporto pouco antes de mergulharem no Mar de Java.

O piloto da Ethiopian Airlines foi identificado como Yared Getachew, 28, de Addis Ababa. De acordo com um comunicado divulgado por parentes, Getachew tinha 8.000 horas de voo e foi o mais jovem piloto da história da Ethiopian Airlines a pilotar um Boeing 737.

Meio queniano e meio etíope, Getachew há muito pedia a rota de Nairobi para visitar a família. Associados descrevem-no como engraçado, enérgico, carismático e popular. Embora jovem, ele foi descrito pela empresa como piloto sênior.

A lista de passageiros do voo incluía 35 nacionalidades diferentes de todo o mundo. Entre eles estavam 32 quenianos, 18 canadenses e oito americanos. Muitos estiveram envolvidos em trabalho humanitário e participariam de uma conferência ambiental das Nações Unidas em Nairóbi.

A Ethiopian Airlines é a maior companhia aérea da África em termos de destinos e passageiros atendidos. Tem ambições de servir como porta de entrada para a África e é amplamente vista como uma das companhias aéreas mais bem administradas do continente. Serve mais de 100 destinos, incluindo Washington, Nova York e Chicago.

O último grande acidente da companhia foi em 2010, quando uma aeronave pegou fogo e mergulhou no Mediterrâneo após decolar do aeroporto de Beirute, matando todas as 90 pessoas a bordo. Mau tempo e uma falha técnica foram citados como causas daquele acidente.

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