Propostas de acordo são distantes da realidade
Existem várias propostas de solução para o conflito árabe-israelense no Oriente Médio, onde um frágil cessar-fogo não impede o lançamento de morteiros e bombas. O problema é que as sugestões são fruto de exercícios de ficção que só o distanciamento permite.
Pouco depois da declaração da frágil trégua entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, no fim de janeiro, uma pesquisa do jornal Yediot Ahronot revelou que quase todos os israelenses concordaram com a ofensiva desencadeada em resposta aos foguetes do Hamas, que deixou 1.300 mortos e a Faixa de Gaza destruída. Essa postura deve se refletir nas urnas amanhã, quando a população israelense escolherá o novo premier (o voto é por legenda, veja ao lado).
Pesquisas de intenção de voto dão a vitória ao conservador Likud, de Benjamin Netanyahu, que foi premier entre 1996 e 1999. Ele saiu fortalecido do conflito em Gaza, assim como o segundo e o terceiro colocados nas pesquisas. A chanceler Tzipi Livni e o ministro da Defesa, Ehud Barak, comandaram a guerra ao lado do premier Ehud Olmert.
Mas nenhum deles foi tão beneficiado pelo clima antipalestino que o ultraconservador Avigdor Lieberman, que subiu em poucos dias nas pesquisas e deve obter 18 ou 19 cadeiras no Parlamento, ante as atuais 11. O líder do partido "Israel Nossa Casa" já chegou a defender que os árabes de Israel cerca de 1,5 milhão de pessoas sejam retirados do território israelense.
Antiárabes
O apoio a Lieberman é compreensível, dada a disseminação do clima antiárabe. De acordo com a pesquisa do Ahronot, quase metade dos israelenses ficou frustrada com o cessar-fogo por acreditar que a ofensiva deveria ter ido até o fim a derrota do Hamas.
O pensamento radical é facilmente encontrado entre os colonos judeus da Cisjordânia não por acaso, onde Netanyahu encerrou sua campanha. Em visita a um assentamento, ele alertou eleitores de que a rival Livni tentará retirá-los da área e entregá-la ao controle dos palestinos.
Por sua vez, o Likud prega que nenhum acordo de paz com os palestinos é possível em um futuro previsível; que o caminho a seguir é reativar a economia palestina e que a ocupação militar de Israel na Cisjordânia continuará por período indefinido.
A artilharia é pesada do outro lado também: em entrevista concedida ao jornal "Ha'aretz", Livni assegurou que, se Netanyahu se tornar premier, Israel "perderá sua habilidade de conseguir uma coalizão internacional" contra as ameaças representadas por Irã, Hezbollah e Hamas.
Por coalizão, entenda-se o apoio do governo Obama, cujo posicionamento centrista, passado o clima de campanha, deve manter o próximo premier de Israel moderado, evitando confrontos.
Que os EUA prometam se aplicar à paz no Oriente Médio não é novidade, já que essa tem sido uma das bandeiras de governos republicanos e democratas mas não o suficiente para pôr fim ao conflito entre israelenses e palestinos.
Pelo menos internamente, os dois principais partidos devem rapidamente se entender. Como o sistema eleitoral israelense exige que o premier tenha 61 cadeiras no Knesset (parlamento), é necessário fazer aliados para governar. Ao que tudo indica, é ao Kadima e a outros partidos de centro que Netanyahu deve recorrer.
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