
Dezenas de milhares de estudantes e professores chilenos voltaram às ruas de Santiago ontem, mantendo a pressão sobre o governo para que sejam promovidas mudanças no sistema educacional. A organização do movimento estudantil estimou em mais de 100 mil o número de pessoas que participaram dos protestos na capital e em várias cidades do país. Já a polícia registrou 60 mil estudantes em Santiago.
As manifestações começaram pacificamente, logo em seguida houve choques entre estudantes e policiais em diversos pontos da capital do país. Participantes dos protestos atiraram objetos em direção aos policiais, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e canhões dágua para reprimir a multidão. Em meio aos distúrbios, pessoas mascaradas incendiaram carros, armaram barricadas e promoveram saques.
Os estudantes saíram às ruas em desafio a uma proibição das autoridades chilenas. Na semana passada, quando tentaram desafiar a proibição, quase 900 manifestantes acabaram presos.
Os líderes estudantis rejeitam uma reforma de 21 pontos para as escolas e universidades proposta pelo presidente Sebastián Piñera e pediram novas propostas até amanhã.
O ministro da Educação, Felipe Bulnes, diz que o governo apresentará seu pacote de reformas ao Congresso, excluindo estudantes e professores do debate. A situação permanece em impasse e nenhuma das partes cede.
Entre outros pontos, Piñera propôs elevar gradualmente a verba para a educação e transferir a responsabilidade pelo ensino para o governo federal. No entanto, a proposta de Piñera não abrange uma exigência fundamental do estudantes: obrigar as universidades particulares a reinvestirem uma parcela maior de suas receitas, uma vez que a legislação chilena as considera instituições sem fins lucrativos.
A oposição a Piñera não aceitou participar do diálogo entre governo e parlamentares e os estudantes prometeram manter os protestos por considerarem insuficiente a proposta oficial.



