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As proximidades do Ministério do Interior egípcio foram transformadas em uma praça de guerra nestsa sexta-feira (3) | Mohamed Abd El-Ghany/Reuters
As proximidades do Ministério do Interior egípcio foram transformadas em uma praça de guerra nestsa sexta-feira (3)| Foto: Mohamed Abd El-Ghany/Reuters

Manifestantes sitiaram nesta sexta-feira (3) a sede do Ministério do Interior egípcio, no segundo dia de um protesto contra o regime militar por causa da morte de 74 pessoas em distúrbios num estádio de futebol. Policiais da tropa antidistúrbios lançaram gás lacrimonêneo e dispararam munição real para tentar dispersar a multidão armada com pedras.

Veja as imagens das manifestações no Cairo

Os relatos indicavam quatro mortos no Cairo e na cidade de Suez.

Um manifestante e um policial foram mortos no Cairo e outras duas pessoas morreram na cidade de Suez, onde a polícia usou munição real para conter uma multidão que tentava invadir uma delegacia, segundo testemunhas e o serviço de ambulâncias.

Os manifestantes acusam as autoridades de conivência ou mesmo de responsabilidade direta pelo tumulto ocorrido na noite de quarta-feira na localidade de Port Said, durante o jogo entre Al Masry e Al Ahli. Além dos 74 mortos, cerca de mil pessoas ficaram feridas na invasão de campo e em brigas nas arquibancadas.

Durante toda a madrugada desta sexta-feira milhares de manifestantes apedrejaram a sede do ministério no centro do Cairo. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, mas o grupo insistia em se reagrupar.

Pela manhã manifestantes recalcitrantes haviam afastado uma barreira de concreto numa rua próxima ao ministério, para chegarem mais perto do prédio. Uma testemunha da Reuters escutou disparos e viu no chão cápsulas disparadas.

"Vamos permanecer até obtermos nossos direitos. Vocês viram o que aconteceu em Port Said?", disse Abu Hanafy, 22 anos, que chegou do trabalho na noite de quinta-feira e decidiu aderir à manifestação.

Grupos revolucionários juvenis, que tiveram papel determinante na rebelião que derrubou o regime de Hosni Mubarak há um ano, convocaram um protesto que chamaram de "Sexta-Feira da Ira". No final da manhã, algumas centenas de pessoas engrossavam o grupo que pernoitara na célebre Praça Tahrir, no centro da capital.

Durante a noite de quinta-feira, ambulâncias precisaram intervir para resgatar um caminhão da tropa de choque policial que havia entrado por engano em uma rua cheia de manifestantes.

O veículo passou cerca de 45 minutos cercado e apedrejado, com os policiais no lado de dentro. Alguns manifestantes então formaram um corredor humano para ajudá-los a fugir.

Quase 400 pessoas ficaram feridas ou intoxicadas por gás nos confrontos que surgiram na noite de quinta-feira, segundo o ministério do Interior.

Além da rebelião que derrubou Mubarak, o Egito havia vivido uma série de manifestações violentas há dois meses, reivindicando mais pressa na transição do regime militar provisório para um governo civil.

Muitos manifestantes alegam que o atual governo - e principalmente o Ministério do Interior - ainda está ocupado por pessoas ligadas ao regime de Mubarak, e que as forças de segurança foram coniventes com a violência no estádio porque as torcidas organizadas futebolísticas tiveram papel importante no movimento que derrubou o antigo regime.

Ataque a posto da polícia

Homens armados atacaram e incendiaram nesta sexta-feira um posto da polícia no leste do Cairo e libertaram os detidos após violentos confrontos com os oficiais.

Os homens, armados com metralhadoras, atacaram o posto da polícia do distrito de Al Marg, libertaram os detidos e incendiaram o destacamento.

Em Dokki, outro bairro do Cairo, cinco homens entraram em um posto policial e tentaram roubar a arma de um policial.

A capital, com quase 20 milhões de habitantes, registra um aumento dos roubos desde a queda de Hosni Mubarak, há um ano. Também aumentou o número de ataques a bancos e furgões blindados.

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